TIPOS DE DOENÇAS
Babesiose
Das principais doenças transmitidas pelo aracnídeo
existe a babesiose, uma doença com distribuição
cosmopolita, podendo ser encontrada também
no meio ambiente (como residências, canis, muros,
batentes de portas, casca de árvores, etc).
Os agentes etiológicos são hemoprotozoários
do gênero Babesia. Após a picada
de carrapato vetor, o período de incubação
se completa entre 10 a 20 dias, quando ocorre febre,
falta de apetite, depressão e lacrimejamento,
podendo ocorrer icterícia. Posteriormente,
aparece a anemia como sintoma, quando mais da metade
dos glóbulos vermelhos está reduzida.
A ocorrência de hemoglobinúria aparece
nos quadros de acentuada gravidade. Áreas edemaciadas
(inchadas) aparecem especialmente nas partes baixas
do corpo, como membros, bolsa escrotal, vulva, baixo
ventre e também na região encefálica.
As fezes ficam ressecadas e com acentuada mucosidade
de coloração amarelada. Pode sobrevir,
após estes sinais, um quadro de acentuada caquexia
e ocorrência de hemorragias do tipo petequial
(sangramento interno) e equimoses (manchas roxas devido
ao extravasamento sanguíneo) nas membranas
mucosas da vagina e das narinas.
Os sintomas febris ocorrem nos cursos agudos da doença.
Em casos crônicos, os sinais de febre são
persistentes por várias semanas, podendo este
quadro febril ser intermitente e variar de 39°
a 42°C. As pulsações podem atingir
100 batimentos por minuto, com característico
pulso da veia jugular. Após o quadro agudo,
de um modo geral, sobrevêm um quadro sub-clinico.
Nesses casos, a infecção persiste por
toda a vida do animal e recrudescências (exacerbamento
dos sintomas) ao quadro agudo podem acontecer após
meses ou muitos anos de infecção. Os
animais nativos, nascidos em áreas endêmicas
podem sobreviver por toda a vida nestas áreas
sem demonstrar sinais clínicos. A mortalidade
é baixa em animais autóctones (originários
da região) e de áreas endêmicas,
e elevadas, podendo chegar a 100% entre animais de
regiões indenes, quando introduzidos em áreas
enzoóticas (regiões em que a doença
ocorre de maneira estável e em períodos
sucessivos).
Eherlichise (carrapato em cães domésticos)
Essa patologia foi observada em cães domésticos
infestados como Rhipicephalus sanguineus.
Ehrlichia é um microorganismo especifico
de glóbulos brancos e, por isso, causa patologia
severa para os hospedeiros. Essencialmente, produzem
inibição do sistema imune e de funções
básicas na medula óssea. Devido ao fato
da morte de células ser maior do que a capacidade
da medula óssea de promover a reposição,
há células imaturas na corrente circulatória.
Essa doença evolui em três fases: a primeira
é aguda e mimetiza infecção viral,
os sinais clínicos podem passar despercebidos.
Na ausência de tratamentos, ocorre evolução
para a fase subclínica (segunda fase) ou pode
evoluir para a fase crônica (terceira fase)
também conhecida como Pancitopenia Tropical
Canina. A causa mortal em Ehrlichiose está
freqüentemente associada à hemorragia
interna, severa doença auto-imune e múltiplas
infecções secundárias, devido
ao comprometimento do sistema imune e falência
múltipla de um ou mais órgãos
internos, como fígado, coração,
baço, etc. A severa depressão do sistema
imune propicia condições para instalação
de infecções bacterianas ou viróticas
secundárias, levando ao emagrecimento, tosse
fadiga, febre intermitente, depressão, anorexia
e dor nos gânglios linfáticos.
Febre Maculosa
A Febre Maculosa cujo agente etiológico é
o Rickettsia rickttsi, está intimamente
relacionado com seus hospedeiros vertebrados. Os cães
atuam como carreadores de carrapatos, transmitindo
a doença dos animais selvagens para o homem.
Os focos conhecidos estão relacionados com
ambiente rural, vegetação rasteira ou
arbustiva, lavouras rudimentares e presença
constante de cães. A doença no homem
pode ser aguda, febril e do tipo exantematosa ou com
sintomas não aparentes, mimetizando o estado
gripal. A ocorrência de lesões cutâneas
deve-se a colonização do endotélio
dos pequenos vasos pela Rickettsia rickttsi,
formando trombos, hemorragias, infiltração
cerebral, com quadro de vasculite necrosante. O período
de incubação varia de 3 a 14 dias e
o inicio é súbito, com febre, dor de
cabeça, prostração, mialgias
e confusão mental. A presença de exantema
maculopapular pode ser observada a partir do 3°
ou 4° dia, iniciando nas extremidades, punho,
tornozelo, irradiando-se para tronco, pescoço
e face. A doença evolui para a gravidade em
2 a 3 semanas, com aparecimento de necrose nas áreas
de sufusões hemorrágicas, em decorrência
da vasculite generalizada.
Borreliose
As espécies patogênicas infectam homem,
mamíferos domésticos e silvestres, além
de aves. As borrelias conhecidas, deteminam cinco
grupos de enfermidades distintas: Febre Recurrente
Humana, ocasionada pelo grupo da B. recurrentis,
considerada uma das mais antigas doenças transmitidas
pelos artrópodes; Borreliose aviária,
determinada por uma única espécie, B.
anserina, a qual causa processo anemiante febril,
depressão e altas taxas de morbidade nas aves
infectadas; Borreliose bovina, causada pela B.
theireli, espécie cosmopolita podendo
determinar anemia em ruminantes e eqüinos, sendo
considerada pouco patogênica; Borreliose de
Lyme, causada pelo grupo da B. burgdorferi lato
sensu, na qual as características clínicas
são variáveis de acordo com a região
geográfica. Na América do Norte, há
o predomínio de manifestações
cutâneas e articulares; no Continente Europeu,
predominam manifestações neurológicas;
já na Ásia as sintomatologias são
basicamente cutâneas e neurológicas;
Aborto enzoótico bovino, enfermidade que comete
bovinos e cervídeos, determinada pela B.
coriaceae.
Doença da Floresta de Kyassanur (DFK)
Além dessas patologias, existem ainda aquelas
que são transmitidas por vírus e recebem
o nome de arboviroses. A doença da Floresta
de kyassanur (DFK), incidente principalmente na Índia,
é caracterizada por encefalite e hemorragia.
O carrapato vetor é o estágio ninfal
do Haemaphysalis spingera, atingindo pequenos
mamíferos terrestres, morcegos, aves e o homem,
ocupante das regiões florestais endêmicas,
pode ser infectado acidentalmente.
Febre OMSK
A Febre OMSK ocorre na região lacustre da
Sibéria onde o carrapato vetor é o Demacentor
pictus, o qual se mantém na natureza em
pequenos mamíferos como ratos, que transmitem
a doença para os caçadores de animais
silvestres através do contato direto, independente
da picada do carrapato. A patologia induz febre alta,
cefaléia, lesões vesiculares na boca,
mialgias e prostração que podem durar
de uma a duas semanas. Hemorragias ocorrem nos casos
de maior gravidade em nível pulmonar, intestinal,
uterina e nasal.
Febre Hemorrágica do Congo e Criméia
A febre hemorrágica do Congo e da Criméia
está registrada na Ásia, Europa e África.
Os carrapatos transmissores são do gênero
Hyalomma, Rhipicephalus, Boophilus
e Amblyomma. A manifestação
clínica desta patologia pode ser caracterizada
por febre, cefaléias graves, mialgias, dores
abdominais, náuseas, diarréias, vômitos,
fotofobia, confusão mental, agressividade,
leucopenia (diminuição dos glóbulos
brancos), trombocitopenia (redução do
número de plaquetas) e erupções
cutâneas. Casos de hemorragias cerebrais, hepáticas
e renais podem levar a morte.