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Métodos de Controle dos Carunchos de Grãos

caruncho
 

Além da eliminação dos insetos no local de armazenamento dos grãos, é de fundamental importância a prevenção de novas infestações, vindas de grãos recém colhidos, pois muitas das espécies descritas acima apresentam infestação cruzada. Uma forma de diminuir a reincidência de infestações seria a eliminação das condições favoráveis ao desenvolvimento do ciclo de vida dos carunchos, limitando, assim, sua reprodução.

A grande maioria das espécies de caruncho apresentadas desenvolve seu ciclo de vida em temperaturas e umidades elevadas. Essa umidade é fornecida principalmente pela umidade inicial dos grãos logo que chegam aos depósitos, e em menor escala pela umidade atmosférica. A troca de umidade entre o ambiente e o grão, chamada de equilíbrio higroscópico, também é um aspecto importante. Dessa forma, o armazenamento deve manter a umidade dos grãos abaixo da que seria favorável a reprodução dos insetos (entre 10 e 11%), através da secagem dos grãos, ventilação fria, aeração e movimentação em massa dos grãos (transilagem).

   

A temperatura é outro fator que restringe a reprodução e sobrevivência dos carunchos. Muitos insetos morrem ou ficam inativos a temperaturas superiores a 38°C ou inferiores a 10°C. O tratamento com altas temperaturas (acima de 48°C), além exigir muito tempo e custo para que haja homogeneidade de temperatura entre os grãos, torna as sementes inviáveis. Dessa forma, o mais indicado seriam os tratamentos com baixas temperaturas.

Os animais utilizam oxigênio para sua respiração, liberando gás carbônico. Quando as concentrações de gás carbônico tornam-se muito elevadas e as de oxigênio tornam-se muito rarefeitas há comprometimento da respiração, podendo levar os animais à morte. Partindo desse princípio, o armazenamento hermético de grãos é uma alternativa para o combate dos insetos que os infestam. Para isso, os silos de armazenamento devem ser construídos de forma a impossibilitar trocas gasosas entre seu interior e exterior, de forma que todo o oxigênio interno seja consumido pelos grãos, insetos e microorganismos que possam existir, e matando estes contaminantes. A insuflação de gás carbônico ou nitrogênio nos espaços entre os grãos também é uma alternativa.

Os carunchos também podem ser eliminados através de métodos químicos. Esses métodos devem ser complementares aos apresentados acima, de forma a eliminar infestações já presentes e impedir a instalação de novas infestações. As substâncias químicas são mecanismos de controle preventivo e não permanente. Além disso, deve ser tomado muito cuidado no seu manuseio, pois a aplicação dos produtos envolve riscos de explosões e intoxicações, de forma que deve-se sempre contatar uma empresa ou profissional especializado.

O emprego de substâncias químicas pode levar ao desenvolvimento de resistência pelos insetos, de forma que, após certo tempo, o produto pode se tornar ineficaz no controle dos insetos. Além disso, outro problema desse tipo de produto é o seu efeito nocivo ao consumidor e ao ambiente. Dessa forma, uso de inseticidas sintéticos deve ser restrito apenas a casos estritamente necessários.

Cada vez mais têm sido realizadas pesquisas visando o desenvolvimento de produtos que ofereçam o menor risco possível a humanos e animais domésticos e que causem o mínimo de prejuízo ao meio ambiente, e resultados satisfatórios tem sido obtidos com o emprego de inseticidas obtidos a partir de vegetais. Tais inseticidas já são empregados há um bom tempo, em alguns casos até mesmo antes dos inseticidas sintéticos, principalmente em países da região tropical.

Os inseticidas botânicos são de fácil obtenção e manuseio. São compostos muitas vezes de custo baixo e podem diminuir os problemas apresentados pelos produtos químicos. Podem ser utilizados como pós, extrato ou óleos. Atuam no controle de insetos através de toxicidade por contato, ingestão e fumigação, causando mortalidade e alterações no desenvolvimento dos insetos, repelência e diminuição da oviposição. A composição química interfere na sua ação, e é influenciada pelo tipo de vegetal e qual parte dele será utilizado (folhas, flores, caules), por fatores ambientais (como estação do ano, condições ecológicas), e também pelos métodos e tempo de extração.

S. zeamais e S. oryzae

Os inseticidas mais indicados para o controle dessas duas espécies de caruncho são pirimiphos-methyl e fenitrothion. Alguns países utilizam pós derivados de plantas ou seus extratos para o combate a estes insetos. No sudeste da África o pó de tabaco é utilizado para controle de infestações de grãos de milho armazenados, uma vez que a nicotina é um forte inseticida natural. No México são utilizadas as plantas Sambucus mexicana e Piper auritum para este mesmo fim, oferecendo proteção contra o caruncho do milho por um período de até quatro meses. No Brasil pequenos produtores colocam folhas de eucalipto entre as camadas de espiga de milho, como forma de combate ao caruncho.

Pesquisas demonstram que folhas do eucalipto Eucalyptus citriodora possuem grande repelência ao caruncho do milho S. zeamais, e que folhas, flores e frutos da erva-de-santa-maria Chenopodium ambrosioides possuem grande atividade inseticida, matando os insetos presentes no milho e impedindo a emergência de novos adultos de S. zeamais, sendo que este último efeito também foi obtido com óleos de palma, Elaeis guineensis. Os óleos extraídos de Cocos nucifera, do amendoim Arachis hypogaea e da soja Glycine max causaram mortalidade em adultos do caruncho do milho S. zeamais.

Para adultos do caruncho S. oryzae, foi obtida ação fumigante com a utilização de óleos essenciais de eucaliptos (Eucalyptus intertexta, Eucalyptus sargentii e Eucalyptus camaldulensis). O grão de cevada emite uma mistura de substâncias voláteis, por exemplo o ácido propiônico, que, aplicado em pequenas quantidades, possui efeito repelente sobre Sitophilus oryzae.

Z. subfasciatus, A. obtectus e C. maculatus

Métodos alternativos de combate aos carunchos do feijão tem sido testados e pesquisados. O caruncho A. obtectus apresentou redução de população quando misturou-se os grãos do feijão caupi com calcário. O pó à base de terra de algas diatomáceas também se mostrou eficaz no controle de A. obtectus, pois se adere à cutícula dos insetos causando minúsculas ranhuras, culminando com a desidratação e morte do animal. O tratamento com este pó de diatomácea é muito interessante, pois se trata de um agente letal de ação física e não promove resistência em insetos.

O caruncho Z. subfasciatus foi repelido quando exposto a óleos de semente de nim (Azadirachta indica), e seu número de ovos postos e de adultos emergentes em infestações foi reduzido quando os grãos de feijão foram tratados com óleo de soja (Glycine max). O óleo de nim pode impedir o processo de muda (troca de exoesqueleto) dos insetos, e afeta seu ciclo de vida, e postura e viabilidade dos ovos. Este óleo apresenta efeitos de controle tanto para Z. subfasciatus quanto para C. maculatus.

Estudos mostram que a aplicação de extratos de Calopogonium caeruleum e Piper nigrum, diretamente sobre as sementes de feijão caupi foram eficientes ovicidas no controle ao C. maculatus. Óleos extraídos de folhas de jaborandi também apresentaram bons resultados redução no número de ovos postos e de adultos emergentes.

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