A temperatura é outro fator que restringe
a reprodução e sobrevivência dos
carunchos. Muitos insetos morrem ou ficam inativos
a temperaturas superiores a 38°C ou inferiores
a 10°C. O tratamento com altas temperaturas (acima
de 48°C), além exigir muito tempo e custo
para que haja homogeneidade de temperatura entre os
grãos, torna as sementes inviáveis.
Dessa forma, o mais indicado seriam os tratamentos
com baixas temperaturas.
Os animais utilizam oxigênio para sua respiração,
liberando gás carbônico. Quando as concentrações
de gás carbônico tornam-se muito elevadas
e as de oxigênio tornam-se muito rarefeitas
há comprometimento da respiração,
podendo levar os animais à morte. Partindo
desse princípio, o armazenamento hermético
de grãos é uma alternativa para o combate
dos insetos que os infestam. Para isso, os silos de
armazenamento devem ser construídos de forma
a impossibilitar trocas gasosas entre seu interior
e exterior, de forma que todo o oxigênio interno
seja consumido pelos grãos, insetos e microorganismos
que possam existir, e matando estes contaminantes.
A insuflação de gás carbônico
ou nitrogênio nos espaços entre os grãos
também é uma alternativa.
Os carunchos também podem ser eliminados
através de métodos químicos.
Esses métodos devem ser complementares aos
apresentados acima, de forma a eliminar infestações
já presentes e impedir a instalação
de novas infestações. As substâncias
químicas são mecanismos de controle
preventivo e não permanente. Além disso,
deve ser tomado muito cuidado no seu manuseio, pois
a aplicação dos produtos envolve riscos
de explosões e intoxicações,
de forma que deve-se sempre contatar uma empresa ou
profissional especializado.
O emprego de substâncias químicas pode
levar ao desenvolvimento de resistência pelos
insetos, de forma que, após certo tempo, o
produto pode se tornar ineficaz no controle dos insetos.
Além disso, outro problema desse tipo de produto
é o seu efeito nocivo ao consumidor e ao ambiente.
Dessa forma, uso de inseticidas sintéticos
deve ser restrito apenas a casos estritamente necessários.
Cada vez mais têm sido realizadas pesquisas
visando o desenvolvimento de produtos que ofereçam
o menor risco possível a humanos e animais
domésticos e que causem o mínimo de
prejuízo ao meio ambiente, e resultados satisfatórios
tem sido obtidos com o emprego de inseticidas obtidos
a partir de vegetais. Tais inseticidas já são
empregados há um bom tempo, em alguns casos
até mesmo antes dos inseticidas sintéticos,
principalmente em países da região tropical.
Os inseticidas botânicos são de fácil
obtenção e manuseio. São compostos
muitas vezes de custo baixo e podem diminuir os problemas
apresentados pelos produtos químicos. Podem
ser utilizados como pós, extrato ou óleos.
Atuam no controle de insetos através de toxicidade
por contato, ingestão e fumigação,
causando mortalidade e alterações no
desenvolvimento dos insetos, repelência e diminuição
da oviposição. A composição
química interfere na sua ação,
e é influenciada pelo tipo de vegetal e qual
parte dele será utilizado (folhas, flores,
caules), por fatores ambientais (como estação
do ano, condições ecológicas),
e também pelos métodos e tempo de extração.
S. zeamais e S. oryzae
Os inseticidas mais indicados para o controle dessas
duas espécies de caruncho são pirimiphos-methyl
e fenitrothion. Alguns países utilizam pós
derivados de plantas ou seus extratos para o combate
a estes insetos. No sudeste da África o pó
de tabaco é utilizado para controle de infestações
de grãos de milho armazenados, uma vez que
a nicotina é um forte inseticida natural. No
México são utilizadas as plantas Sambucus
mexicana e Piper auritum para este mesmo
fim, oferecendo proteção contra o caruncho
do milho por um período de até quatro
meses. No Brasil pequenos produtores colocam folhas
de eucalipto entre as camadas de espiga de milho,
como forma de combate ao caruncho.
Pesquisas demonstram que folhas do eucalipto Eucalyptus
citriodora possuem grande repelência ao
caruncho do milho S. zeamais, e que folhas,
flores e frutos da erva-de-santa-maria Chenopodium
ambrosioides possuem grande atividade inseticida,
matando os insetos presentes no milho e impedindo
a emergência de novos adultos de S. zeamais,
sendo que este último efeito também
foi obtido com óleos de palma, Elaeis guineensis.
Os óleos extraídos de Cocos nucifera,
do amendoim Arachis hypogaea e da soja Glycine
max causaram mortalidade em adultos do caruncho
do milho S. zeamais.
Para adultos do caruncho S. oryzae, foi
obtida ação fumigante com a utilização
de óleos essenciais de eucaliptos (Eucalyptus
intertexta, Eucalyptus sargentii e Eucalyptus
camaldulensis). O grão de cevada emite
uma mistura de substâncias voláteis,
por exemplo o ácido propiônico, que,
aplicado em pequenas quantidades, possui efeito repelente
sobre Sitophilus oryzae.
Z. subfasciatus, A. obtectus e
C. maculatus
Métodos alternativos de combate aos carunchos
do feijão tem sido testados e pesquisados.
O caruncho A. obtectus apresentou redução
de população quando misturou-se os grãos
do feijão caupi com calcário. O pó
à base de terra de algas diatomáceas
também se mostrou eficaz no controle de A.
obtectus, pois se adere à cutícula
dos insetos causando minúsculas ranhuras, culminando
com a desidratação e morte do animal.
O tratamento com este pó de diatomácea
é muito interessante, pois se trata de um agente
letal de ação física e não
promove resistência em insetos.
O caruncho Z. subfasciatus foi repelido
quando exposto a óleos de semente de nim (Azadirachta
indica), e seu número de ovos postos e
de adultos emergentes em infestações
foi reduzido quando os grãos de feijão
foram tratados com óleo de soja (Glycine
max). O óleo de nim pode impedir o processo
de muda (troca de exoesqueleto) dos insetos, e afeta
seu ciclo de vida, e postura e viabilidade dos ovos.
Este óleo apresenta efeitos de controle tanto
para Z. subfasciatus quanto para C. maculatus.
Estudos mostram que a aplicação de
extratos de Calopogonium caeruleum e Piper
nigrum, diretamente sobre as sementes de feijão
caupi foram eficientes ovicidas no controle ao
C. maculatus. Óleos extraídos de
folhas de jaborandi também apresentaram bons
resultados redução no número
de ovos postos e de adultos emergentes.
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