De pouca importância
para a agricultura, mas muito importante do ponto de vista
sanitário, as baratas podem ser divididas em “do
mato” e “domésticas”. As primeiras
são encontradas no solo, sob pedras, etc. As “domésticas”
infestam os lares e outros domicílios. As principais
espécies são: Periplaneta americana
(mais comum), P. australasiae (barata australiana),
Blatella germânica (barata alemã ou
baratinha) e Blatta orientalis (barata oriental).
A estratégia
para o controle químico de baratas consiste na aplicação
de inseticidas nos ambientes de infestação ou
próximo a eles. Adultos e ninfas que se abrigam em
ninhos, ou aqueles que se expõem ao ambiente, tem contato
com o inseticida através da superfície. A dose,
geralmente letal, é transferida para o corpo através
das patas e dos apêndices bucais.
Os mais modernos inseticidas
matam instantaneamente por envenenamento do sistema nervoso
ou do sistema digestório do inseto. Em geral, apenas
uma pequena dose é o suficiente para matar a ninfa
ou o animal adulto. Há varias formulações
e diversos métodos de controle, incluindo aplicações
a pó e líquidas, na forma de concentrados emulsionáveis
ou pó molhável (próprio para diluição),
em que o inseticida recebe um agente molhante, substância
de elevado grau de absorção a fim de permitir
que na mistura com água, forme suspensões dotadas
de grande estabilidade. Esta formulação contém,
geralmente, de 20 a 80% de princípio ativo. Alguns
produtos que não se adaptam às formulações
líquidas por falta de um solvente adequado são
preparados como pós molháveis para mistura com
água.
Também existe
a aplicação de iscas. Elas devem ser colocadas
em locais estratégicos e em quantidade suficiente para
que as baratas encontrem o alimento durante o seu percurso.
A duração do inseticida depende, em certa medida,
do substrato e das condições ambientais. As
baratas não são sociais nem compartilham o alimento
obtido com seus semelhantes, por isso as iscas atingem os
insetos individualmente. Portanto, para serem efetivas, as
iscas devem ser postas em uma variedade alimentar e ser distribuídas
em diversas regiões do recinto.
O uso de inseticidas
líquidos ou em aerossóis tem sido um controle
padrão. As aplicações com formulações
em pó tem tido um resultado efetivo, pois a atividade
residual desse material dizima qualquer suspeita de ocupação
do inseto. Produtos em pó como o aerogel de sílica
e acido bórico (veneno estomacal) tem sido efetivo
quanto aplicado durante e depois nas construções
civis. Para uso mais efetivo do inseticida líquido,
em pó ou gel, a aplicação deve ser feita
em fendas ou frestas.
Dentre esses produtos
químicos, alguns são encontrados no comércio,
para outros, a venda e utilização é proibida
em todo o território nacional (portaria nº 329,
de 02 de setembro de 1985), como no caso dos compostos organoclorados
(grupo de praguicidas responsável por causar graves
efeitos colaterais advindos de sua longa persistência
no ambiente e na magnificação biológica),
ou seja, aldrin, BHC, DDT, lindani, pentaclorofenol dentre
outros. Dos compostos que são destinados às
baratas, a composição química, modo de
ação e outros detalhes são apresentados
a seguir:
Anidro Arsenioso
Também conhecido
como óxido arsenioso e trióxido de arsênico,
sua fórmula bruta é As2O3. Em solução,
transforma-se em ácido arsenioso H3AsO3, que em combinação
com bases, formam uma série de sais denominados arsenitos.
O anidrido arsenioso é um branco, parcialmente solúvel
na água, e por isso não deve ser aplicado em
plantas por provocar a “queima” das folhas. Seu
uso se limita ao preparo de iscas.
Fluoreto de Sódio
A substância pura
é um pó branco, solúvel em água
à temperatura ambiente na proporção de
4% e sua fórmula bruta é NaF. Para combater
as baratas, espalha-se o pó nos locais mais procurados
pelos insetos e, quando estes passam pela superfície
polvilhada, as partículas aderem às suas pernas
e, assim que procuram se limpar com o auxilio das peças
bucais, as baratas ingerem o veneno. Outra maneira é
misturar o fluoreto em alimentos (iscas) destinados a alimentação
das mesmas.
DDT
Diclorodifeniltricloroetano
(C14H9Cl5), conhecido como DDT, age por “contato”
e “ingestão”. É sólido, branco
e cristalino e insolúvel na água, ácidos
minerais e álcalis diluídos. O DDT puro quase
não apresenta odor, mas o produto técnico é,
em geral, bastante aromático. O inseticida é
bastante solúvel, à temperatura ordinária,
nos seguintes solventes orgânicos: benzol, clorofórmio,
ciclo-hexanona e querosene e sua solubilidade aumenta bastante
com a elevação da temperatura. O DDT é
muito sensível à ação dos corpos
alcalinos, perdendo ácido clorídrico e transformando-se
em substância inativa. Ao mesmo tempo, pode-se dizer
que é um dos inseticidas de poder residual mais longo
que se conhece, pois é estável com relação
a calor e luz. O modo de aplicação se dá
por polvilhamento e pulverização. As marcas
disponíveis no mercado são: Detenol, Gesarol,
Niatox, etc.
Lindane
O
modo de ação do inseticida se dá por
contato, ingestão e fumigação. Sua fórmula
bruta é C6H9Cl6. É uma substancia sólida,
branca, cristalina, solúvel no benzeno acetona e outros
solventes e sua produção é de real interesse,
pois é um inseticida com 99%, no mínimo, de
isômero gama do BHC (composto organoclorado de notável
poder inseticida). Ou seja, possui algumas vantagens como:
a) não tem odor desagradável, o que possibilita
seu uso nos lares; b) em geral, não altera o gosto
e odor das plantas e frutos polvilhados ou pulverizados; c)
tem ação fitotóxica mais baixa; d) tem
menor efeito acumulativo no solo; d) é menos prejudicial
às bactérias e outros microorganismos. Contudo,
no Brasil, o seu largo emprego não é possível,
pois é um produto bem mais caro, menos eficaz e de
ação mais lenta que o BHC, este resolve grande
parte dos problemas dos agricultores e, por último,
outros tóxicos de descoberta mais recente vem substituindo
tanto o BHC quanto o Lindane.
Clordane ou Octaclorado
O
modo de ação do inseticida se dá por
contato, ingestão e fumigação (inalação).
Sua fórmula bruta é C10H6Cl8. O clordane técnico
é liquido escuro, cor de âmbar, muito viscoso,
de cheiro agradável, semelhante a cedro; insolúvel
em água, mas solúvel nos solventes orgânicos
comuns (querosene, xilol, óleos miscíveis, éteres,
ésteres, etc.). Pode ser usado em polvilhamento e pulverização.
Sendo que os de polvilhamento são geralmente comercializados
em 5% ou 10% para pó, ou 40% ou 50% para pós
molhados.
Sua
ação baraticida é notável: uma
simples aplicação numa casa pode torná-la
livre de baratas por 3 meses ou mais. Para proteger as residências
por muito tempo, há necessidade das preparações
serem soluções de querosene.
Clortiom
O
modo de ação se dá por contato, ingestão,
fumigação e ação de profundidade.
Sua fórmula bruta é C8H9ClNO3PS (tiofosfato
de dimetil-cloro-nitrofelina). O clortion técnico é
um liquido viscoso, pardo-amarelado, de odor característico,
não inflamável a temperatura ordinária.
É miscível no benzeno, alcoóis, éteres,
etc e insolúvel em água e é empregado
em polvilhamento, pulverização e usado em concentração
de 0,025% a 0,050%.
Dursan
O
modo de ação do inseticida se dá por
contato, ingestão, fumigação e ação
de profundidade. Sua fórmula bruta é C9H11Cl3NO3PS.
O produto técnico aparece sobre a forma de cristais
brancos e é solúvel na cetona, benzeno, clorofórmio,
etc. e insolúvel na água, sendo estável
em condições normais de armazenagem. Também
apresenta estabilidade em formulações aquosas
neutras ou ácidas levemente acima da temperatura normal;
a instabilidade, por sua vez, aumenta com a temperatura e
em meio alcalino. A absorção na pele é
insignificante, não oferecendo problema, porém,
causa leve irritação nos olhos. O Dursan combate
muito bem as várias espécies de baratas caseiras.
Fenclorfos
Inseticida
não sistêmico nas plantas, mas com atividade
sistêmica em animais. Sua fórmula bruta é
C8H8Cl3O3PS. O produto técnico é um pó
cristalino, de coloração branca a parda, praticamente
insolúvel na água e solúvel na maioria
dos solventes orgânicos. Estável a temperatura
ordinária e instável em meio alcalino. Não
se recomenda para as plantas em geral, pois é fitotóxico.
Arprocarbe
O
modo de ação do inseticida se dá contato
e ingestão. Sua fórmula bruta é C11H15NO3.
A substância ativa é pó branco, cristalino
e possui leve odor semelhante ao do fenol. A estabilidade
do inseticida ativo é boa em todas as formulações.
Em meio alcalino, porém o material se decompõe.
Contra os insetos o efeito é rápido e seu poder
residual é levemente longo. O Arprocarbe é usado
em polvilhamento, pulverização e sob a forma
de iscas. O mercado brasileiro apresenta os seguintes produtos:
a) concentrados emulsionáveis: tem 20% de inseticida
e 80% de solventes e emulsionáveis; b) soluções
concentradas: tem 1% de arprocarbe, 0,5% de diclorvos e 98,5%
de solvente; c) aerossóis: tem 1,5% de arprocarbe,
0,5% de diclorvos e 98% de propelentes e solventes.
Carbaril
O
modo de ação do inseticida se dá por
contato e ingestão. Sua fórmula bruta: C12H12NO2.
A substância ativa pura é sólida, cristalina,
branca, inodora. O produto técnico tem 95% ou mais
da substância ativa. É também praticamente
insolúvel na água e pouco solúvel em
vários solventes orgânicos comuns, o que impede
a formulação de concentrados emulsionáveis.
Em condições normais é estável
à hidrólise, luz e calor. Em meio alcalino é
rapidamente hidrolisado, perdendo assim seu efeito inseticida
e é usado em polvilhamento e pulverização.
Existem dois tipos de produtos no mercado: em pó, com
concentração de 5 a 7,5%; e pós molháveis,
com 85% de carboril. Estes são empregados em pulverização
de 0,085% a 0,15% de inseticida. Quando é empregado
em doses normais não é fitotóxico, mas
em dosagens fortes pode atuar como herbicida, no entanto,
com relação ao homem e a outros animais é
pouco tóxico.
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