Novas técnicas de controle de pragas estão sendo desenvolvidas, tendo em vista que há cada vez mais resistência aos inseticidas comerciais e também aos métodos de dedetização aplicados pelas prefeituras, o pesquisador André Wilke, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), adaptou um método para o controle de mosquitos, que é somente um exemplo do que ainda pode ser realizado futuramente.
A metodologia se caracteriza pela produção de exemplares geneticamente modificados para liberação em regiões infestadas por Culex quinquefasciatus (conhecido popularmente como pernilongo ou muriçoca), a fim de controlar sua população. O mosquito é considerado uma praga urbana por ser capaz de se desenvolver em águas poluídas e atingir elevada densidade.
O pesquisador adaptou procedimentos da técnica de Liberação de Insetos Carregando Gene Letal Dominante (RIDL, na sigla em inglês), que utiliza micro injeções de genes em embriões de mosquitos. A técnica consiste na produção de insetos com um gene letal que é expresso somente em fêmeas. Com a inserção desse gene letal ao genoma do mosquito, sob o comando de um promotor específico de fêmea, é possível levar o mosquito à morte. Após esse procedimento, os machos transgênicos podem ser liberados na natureza para cruzar com fêmeas selvagens, resultando em descendentes apenas machos, uma vez que o gene letal é expresso nas fêmeas.
O efeito nos machos, que cruzam com fêmeas selvagens para gerar outros machos, dura por até três gerações, causando o declínio no número de indivíduos e, posteriormente, suprimindo a população. Outra vantagem é que os machos dos mosquitos não picam o homem, por conseguinte não transmitem o patógeno (microorganismo causador da doença).
Essa técnica tem diversas vantagens, pois diferentemente dos inseticidas que são tóxicos ao meio ambiente, os mosquitos liberados não contaminam o homem nem outros animais predadores, já que atingem somente a população de Culex, além de não deixar nenhum tipo de resíduo no meio ambiente.
É importante ressaltar que essa técnica necessita estudos prévios para sua realização, caso contrário pode haver um impacto no equilíbrio natural.
Porém o ideal é que outras medidas de controle sejam feitas em conjunto, como a despoluição dos rios e a educação da população.
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