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Descupinização

 

Os cupins pertencem à ordem Isoptera, e são considerados insetos sociais, pois são formadores de colônias, de cooperação mútua, onde seus indivíduos são divididos em castas como a dos reprodutores, formado basicamente pelo rei, rainha; reprodutores alados (siriris ou aleluias), a casta dos soldados e a casta dos operários. Os insetos pertencentes a cada casta, são morfologicamente distintos, havendo funções diferentes realizadas dentro da colônia.

Existe mais de 2000 espécies vivas de cupins descritas, sendo que 290 são encontradas no Brasil. Os cupins são, na sua maioria, decompositores de árvores mortas, ajudando consideravelmente na reciclagem de nutrientes ao solo, bem como na aeração destes. Apenas uns poucos gêneros são considerados pragas no agroecossistema e em áreas urbanizadas, causando elevados prejuízos, atacando árvores vivas (urbanas, reflorestamento, florestas nativas e ornamentação), plantas cultivadas e residenciais, ocorrendo em altas densidades populacionais, coabitando com o homem a procura de alimento.

Descupinização - Cupins subterrâneos

Os Cupins subterrâneos (Coptotermes havilandi, Reticulitermes lucifugus) apresentam ninhos mais elaborados que se desenvolvem preferencialmente no solo, interno ou externo a edificação, em madeiras em contato com o solo, em espaços que possam existir no interior das edificações, ou ainda em árvores, onde a umidade do solo, entre outros fatores, facilita a sua instalação.

Esses cupins apresentam grande capacidade de dispersão e a ligação entre a colônia e a fonte de alimento é feita por meio de túneis construídos por estes insetos. O ataque desses cupins é generalizado e não se limita a madeira e seus derivados. Outros materiais tais como tecidos, plásticos, borracha, couro, tijolos de barro, gesso e revestimentos de cabos elétricos também podem ser intensamente atacados por esses insetos, que podem ou não ingerí-los, já que não são utilizados como alimento, sendo eliminados sem serem digeridos.

Métodos de controle para Cupins subterrâneos

O controle de cupins subterrâneos baseia-se no estabelecimento de uma barreira que impeça a chegada das operárias até as plantas ou mudas. Esta barreira pode ser física ou química, sendo esta última a mais utilizada. Atualmente existem novas propostas de formas de controle, como a utilização de iscas tóxicas.

Barreiras Físicas

As barreiras físicas excluem cupins das edificações por meio de utilização de materiais impenetráveis. Estas barreiras podem ser construídas por partículas uniformes, como é no caso de areia, vidro moído, basalto, ou por telas de aço inoxidável, pois materiais muito grandes ou muito pequenos impedem que os cupins possam transportar este material na construção de galerias. Porém esta técnica não é muito empregada no Brasil.

Barreira Química

A barreira química consiste na aplicação direta de inseticida, no local de infestação ou ao redor dele. Um dos produtos mais utilizados é do grupo organoclorado, o qual possui um alto teor residual, e que devido a essa característica passou a ser proibido seu uso em 1985. No ano seguinte, instalaram-se dois experimentos com inseticidas nas formulações granulada, pó-seco, concentrado emulsionável e pó molhável. As especificações técnicas e seu modo de ação são apresentadas no tópico “inseticidas”.

Iscas

Este método consiste na aplicação em material vegetal como blocos de madeira de inseticida de ação lenta e prolongada, que após ingerir o inseticida o cupim vive o suficiente para chegar ao ninho e transpor o composto a colônia. A importância desta técnica é o uso diminuto de inseticidas para o controle de cupins, sendo assim menos agressivo ao meio ambiente.


Medidas preventivas

O uso de boratos no controle preventivo e curativo desses cupins é relativamente recente. O produto usado é o octaborato dissodico tetrahidratado. Este composto é adequado para ser aplicado na madeira, pois ele é solúvel em água, tem pH neutro, além de não ter cor nem odor. As aplicações de soluções de borato são feitas diretamente na superfície da madeira atacada através de varas sólidas do composto, que são inseridas dentro de buracos perfurados nas estruturas infestadas. Os boratos são compostos persistentes, não voláteis e quando em baixas concentrações são tóxicos aos cupins. Quando utilizado em altas concentrações, eles agem repelindo ou detendo a alimentação desses insetos.

Descupinização - Cupins Arborícolas

Os cupins constituem um grupo extremamente daninho de insetos de madeira, onde escavam galerias, deixando a superfície da casca com espessura de papel. Em florestas eles são comumente encontrados na madeira de árvores cortadas, árvores atacadas ou mortas por coleobrocas (besouros que também atacam madeira) ou pelo fogo, em cepas e outras partes da madeira morta ou em decomposição. As espécies mais comuns no território brasileiro, principalmente Amazônia, são: Neotermes paraensis, Coptotermes niger, Coptotermes testaceus e Nasutitermes costalis.

O ataque deste inseto, popularmente denominado cupim-de-cerne, ataca plantas nativas do cerrado e, em outras regiões do Brasil, ataca seringueira e pau-rosa, além de sibipiruna, jacarandá-mimoso, quaresmeira, acácia, ipê, paineira, tipuana e outras. O cupim penetra pelas raízes ou pelas cicatrizes de galhos caídos fazendo galerias ascendentes e, a menos que a madeira tombe pela ação do vento, não é possível verificar o ataque, que só será notado por ocasião do corte.

Método de controle para Cupins Arborícolas

A detecção desses cupins no campo não é fácil, pois como o dano é interno e as arvores não apresentam sintomas aparentes, a detecção só ocorre após o dano já ter sido feito. Os métodos de controle dos cupins de cerne são semelhantes ao dos cupins subterrâneos.

Medidas preventivas

As áreas atacadas devem ser mapeadas e cadastradas, para que medidas preventivas possam ser tomadas quando se reforma a área. Apesar de existirem recomendações de controle, como a aplicação de inseticidas líquidos dentro dos troncos ou tocos, estas são de caráter paliativo e temporárias, pois não atingirão a colônia que está no solo. A incorporação e aplicação de inseticida no solo próximo aos tocos atacados é uma medida que necessita maiores estudos, pois o sistema radicular a ser protegido é muito desenvolvido, sendo necessárias altas doses de inseticidas sem a garantia de sucesso.

É recomendada, também, a utilização de práticas culturais como: prevenção de incêndios florestais, desbastes seletivos (retirar árvores danificadas ou doentes), adubações, seleção de espécies mais adaptadas etc.

Descupinização - Cupins de Madeira Seca

Os cupins de madeira seca (Cryptotermes brevis) localizam-se inteiramente dentro da madeira que consomem como alimento, sem a necessidade do contato com o solo. Portanto, o seu ataque caracteriza-se por um problema restrito as peças de madeira infestadas. São encontrados em todos os tipos de edificações e seu ataque ocorre em madeiras com baixo teor de umidade, localizadas tanto nas estruturas quanto em imóveis e peças avulsas. Na natureza ocorrem tanto em árvores em pé, viva ou morta, como em troncos caídos em decomposição.
Métodos de controle para Cupins de madeira seca.

Métodos de controle para Cupins de Madeira Seca

Para o controle de cupins de madeira seca, primeiramente é preciso ter a identificação correta da espécie infestante, pois a sua infestação é em menor número de indivíduos em comparação aos cupins subterrâneos, entretanto, com o passar do tempo, a proliferação da colônia inicial pode dar origem a varias outras colônias.

Numa infestação desses cupins, o mais difícil é averiguar a extensão da infestação no local. A localização exata da abrangência da infestação é um fator importante para a realização da desinfecção, a averiguação é dotada de vários métodos, os quais incluem: inspeção visual, sondas, olfação canina e uma variedade de aparelhos que verificam o som produzido pelos insetos.

Alguns métodos para o controle de cupins de madeira seca são: tratamento prévio da madeira, fumigação química e por calor e injeção de inseticidas.


Tratamento prévio

O tratamento da madeira por inseticidas é uma medida sensata, tendo em vista que estes inseticidas de tratamento prévio deixam resíduos por um longo período, portanto o tratamento tem ação por um longo tempo. A relação de alguns produtos utilizados e também aqueles proibidos atualmente estão listados no tópico “inseticidas”.

Fumigação química

Uma técnica muito utilizada nos EUA é a fumigação, que consiste em isolar externamente a residência com material impermeável geralmente material plástico e aplicar inseticidas na forma gasosa, este tratamento tem a vantagem de atingir a residência como um todo, assim eliminando todos os focos. Esta técnica é utilizada em residências com infestação ampla, porém utiliza substâncias que agridem a camada de ozônio, e seu uso foi banido no ano de 2005.

Fumigação por calor

Outra opção pouco empregada é o tratamento térmico da madeira, o procedimento consiste em elevar a temperatura da madeira para 66ºC por 1 hora e 30 minutos ou por 4 horas em tratamento a 60ºC, e da mesma forma, tratamentos com temperaturas baixas também irão eliminar os cupins, como é o caso da diminuição da temperatura a 10ºC negativos por quatro dias. Esta técnica elimina os cupins, devido ao fato de que os cupins não toleram altas variações de temperatura.

Injeção de Inseticidas

A aplicação de inseticidas nas madeiras infestadas utilizam, atualmente, solventes orgânicos, como é o caso do querosene, que são misturados com inseticidas, pois o emprego de água como solvente acarreta em proliferação de fungos e bactérias dentro da madeira. São feitos furos por onde é aplicado o inseticida e, posteriormente, estes furos são fechados. Este procedimento tem como objetivo alcançar as galerias onde a colônia se encontra.

Medidas preventivas

Uma medida importante é apagar as luzes na época de revoada de aleluias ou siriris, pois estes insetos são atraídos pela iluminação e podem infestar a área domiciliar ou utilizar madeiras como peroba rosa, o jatobá e a maçaranduba, que não são atacadas por cupins, pois seu cerne (porção central do tronco) apresenta compostos químicos que deixam as madeiras imunes a esses ataques.

Inseticidas para os 3 tipos de cupins

De um modo geral, os inseticidas podem ser usados para os três tipos de cupins. A composição química, modo de ação, aplicabilidade e toxidade de alguns produtos estão descritos a seguir. Vale lembrar antes, que os compostos organoclorados, aldrin, BHC, lindani, pentaclorofenol dentre outros apresentados são proibidos por lei (portaria nº 329, de 02 de setembro de 1985) em todo o território nacional, inclusive sua comercialização. Com exceção de cupinicidas a base de aldrin para o emprego em florestamento e reflorestamento; ao uso dos referidos produtos quando aplicados pelos órgãos públicos competentes, em campanhas de saúde pública de combate a vetores de agentes etiológicos de moléstias; dentre outras exceções que não cabem ao caso dos cupins.


BHC

O BHC age por contato, ingestão e fumigação. Sua fórmula bruta é C6H6Cl6 (hexacloro-ciclo-hexano). O BHC técnico é pó amorfo, volátil, acinzentado ou ligeiramente pardo, insolúvel na água. Apresenta cheiro desagradável que faz lembrar o do mofo.

O BHC do comércio é uma mistura complexa de diferentes substâncias, algumas das quais somente em partes foram identificadas e isoladas na forma pura. A solubilidade nos diferentes solventes orgânicos varia de um para outro isômero. As impurezas que aparecem no composto não têm ação inseticida e dos isômeros apenas o gama se sobressai pelo seu extraordinário poder sobre os insetos. Contudo, esse isômero puro é um pouco menos eficaz se comparado sua utilização juntamente com os outros compostos. Com exceção do isômero gama, os outros isômeros causam sérios inconvenientes, como fitotoxidade, odor penetrante, etc.

O BHC não deve ser usado para combater pestes dos lares, devido ao seu forte e característico cheiro de mofo. Ocorre alteração de gosto de determinadas plantas como batatinha, amendoim, batata-doce, mandioca, couve e frutas e possui um fator tóxico para algumas plantas e efeito acumulativo no solo, o que limita o seu uso.
É usado em polvilhamento, pulverização aerossóis. No comércio são encontrados os seguintes produtos: a) pó: com 1; 1,5; 2; 3; 9 e 12% de isômero gama; b) marcas comerciais: Benzefós, Benzenex, Hexason e outros.

Aldrin

O Aldrin age por contato, ingestão e fumigação. Sua fórmula bruta é C12H8Cl6 (hexacloro-hexahidro-endo). O aldrin técnico é uma substancia sólida, cristalina, um pouco volátil, mas solúvel em quase todos os solventes orgânicos. É estável em ambientes alcalinos e meios ácidos, porém, o calor diminui o poder residual, ou seja, quanto mais alta a temperatura, menos tempo permanecerá o aldrin sobre as plantas.

O composto é usado em polvilhamento, pulverização, pó e iscas. As concentrações utilizadas em cada um são: a) Pó: tem 2,5; 5; 50 e 75% de aldrin técnico. Nas duas porcentagens mais baixas recomenda-se para tratamento de solo em polvilhamento de plantas, já as duas últimas destinam-se a fins industriais; b) Pós molháveis: tem 40% de aldrim. Devem ser diluídos na água de modo que as suspensões tenham de 0,04% a 0,12% da substância; c) Concentrados emulsionáveis: em de 40 a 50% de aldrin, sendo muito mais comuns as formulações de 40%. Em pulverização, as emulsões também são regadas de 0,04% a 0,12%; d) Iscas granuladas: de 0,5 a 0,75% de aldrin.
Sua ação é lenta, não é fitotóxico quando usado em doses normais, a não ser para as curcubitáceias, que podem sofrer queimaduras. Com relação ao homem e a outros animais o aldrin é bastante tóxico por via oral.

Pentaclorofenol

Sua fórmula bruta é C6HCl5O. Quando puro é cristalino e incolor. O produto técnico aparece sob a forma de pó ou agulhas cinzento escuras. Praticamente insolúvel em água e solúvel em muitos solventes orgânicos e não inflamável e não corrosivo para os metais, exceto possivelmente na presença de umidade. Quando dissolvido em óleo, a solução pode danificar rapidamente a borracha. Os produtos devem ser pincelados na superfície da madeira não pintada ou não envernizada. O inseticida tem notável poder de penetração e tem efeito curativo e preventivo, porém, tem caráter fitotóxico e irrita a pele.

Dursan

O modo de ação do inseticida se dá por contato, ingestão, fumigação e ação de profundidade. Sua fórmula bruta é C9H11Cl3NO3PS. O produto técnico aparece sobre a forma de cristais brancos; é solúvel na cetona, benzeno, clorofórmio, etc. e insolúvel na água, sendo estável em condições normais de armazenagem. Também apresenta estabilidade em formulações aquosas neutras ou ácidas levemente acima da temperatura normal; a instabilidade, por sua vez, aumenta com a temperatura e em meio alcalino. A absorção na pele é insignificante, não oferecendo problema, no entanto, causa leve irritação nos olhos.

Lindane

O modo de ação do inseticida se dá por contato, ingestão e fumigação. Sua fórmula bruta é C6H9Cl6. É uma substancia sólida, branca, cristalina, solúvel no benzeno acetona e outros solventes. A produção do lindane é de real interesse, pois é um inseticida com 99%, no mínimo, de isômero gama do BHC (composto organoclorado de notável poder inseticida). Ou seja, possui algumas vantagens como: a) não tem odor desagradável, o que possibilita seu uso nos lares; b) em geral, não altera o gosto e odor das plantas e frutos polvilhados ou pulverizados; c) tem ação fitotóxica mais baixa; d) tem menor efeito acumulativo no solo; d) é monos prejudicial as bactérias e outros microorganismos.

Clordane ou Octaclorado

O modo de ação do inseticida se dá por contato, ingestão e fumigação. Sua fórmula bruta é C10H6Cl8. O clordane técnico é liquido escuro, cor de âmbar, muito viscoso, de cheiro agradável, semelhante a cedro; insolúvel em água, mas solúvel nos solventes orgânicos comuns (querosene, xilol, óleos miscíveis, éteres, ésteres, etc.). Pode ser usado em polvilhamento e pulverização. Sendo que os de polvilhamento são geralmente comercializados em 5% ou 10% para pó, ou 40% ou 50% para pós molhados.

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