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Desratização

 

Rato de Esgoto

A espécie Rattus norvegicus, também conhecida como ratazana ou rato de esgoto, pertence a classe Mamiphera, ordem Rodentia, família Muridae e gênero Rattus. Essa espécie possui o comprimento da cauda menor do que os comprimentos da cabeça e do corpo quando somados. Além disto, tem orelhas e olhos pequenos e nariz arredondado. Seus pés ainda apresentam resquícios de membranas interdigitais e dedos longos.

Sua cor é muito variada, assim podem ser encontradas ratazanas acinzentadas, acastanhadas, nos tons de marrom, com trechos brancos ou até em negro uniforme. Também é possível encontrar, eventualmente, um rato de esgoto totalmente branco (albino), produzido ao acaso pela natureza ou pela sua fuga do laboratório, o qual sobreviveu e cruzou com Rattus norvegicus selvagens.

As ratazanas têm hábitos fossoriais, ou seja, escavam tocas e túneis no subsolo onde constroem seus ninhos. Na abundância de alimentos, como os provenientes do lixo orgânico inadequadamente disposto ou tratado, a proliferação desses roedores tem se acentuado. É, a espécie de roedor mais favorecida pelo ambiente urbano degradado por ocupações clandestinas, adensamento de locais carentes de infra-estrutura básica de habitação e saneamento, sendo responsável por surtos de leptospirose, mordeduras e agravos causados por alimentos contaminados por suas fezes e urina.

Rato de Telhado

A espécie Rattus rattus, também conhecida como rato de telhado, rato preto, rato-do-forro ou rato-de-navio, pertence a classe Mamiphera, ordem Rodentia, família Muridae e gênero Rattus. Essa espécie possui características semelhantes as dos ratos de esgoto, porém, seus pés não apresentam resquícios de membranas interdigitais, mas sim calosidades nos dedos.

Sua cor predominante é cinza grafite no dorso e acinzentado ou branco no ventre. É importante salientar que a cor do pelame do roedor não auxilia na identificação da espécie. Não é por que o rato preto (R. rattus) tem esse nome popular, que todos os seus representantes são da cor negra.

O rato preto, diferente do rato de esgoto, prefere construir seus ninhos no oco de árvores, em vegetação densa, nos forros de residências, nas estruturas de sustentação dos telhados ou outras construções. Circunstancialmente, podem escavar tocas no solo, mas isso só acontece se não houver como e onde construir seus ninhos no alto, ou então quando há um excedente da população desses ratos.

Possui grandes habilidades, como caminhar sobre fios elétricos e subir em galhos de árvores, além de escalar superfícies verticais, adaptando-se perfeitamente à arquitetura urbana formada por grandes edifícios e casarões assobradados, locais onde encontra grande facilidade para se abrigar e obter alimentos, propiciando a expansão e dispersão da espécie.

Quais os produtos utilizados na desratização, sua composição e como agem?

São utilizados os rodenticidas classificados quanto à rapidez do efeito. São eles: os agudos (tóxicos nervosos) e os crônicos (anticoagulantes).

Os rodenticidas agudos provocam a morte do roedor dentro das primeiras 24 horas após sua ingestão, atuando, portanto no sistema nervoso do animal (tóxicos nervosos). Dentre eles encontram-se: a cila vermelha, a estricnina, o arsênico, o Antú, o 1080 e o 1081, o sulfato de tálio, a norbomina, a piriminil-uréia e o fosfeto de zinco. Sendo todos eles utilizados e comercializados no Brasil em algum período. Porém, posteriormente, foram proibidos ou descontinuados, seja porque a agonia violenta do roedor provocou a aversão da sociedade por razões humanitárias, seja porque o produto era inespecífico.

Já os rodenticidas crônicos provocam a morte do roedor em mais de 24 horas após sua ingestão. Eles agem interferindo no mecanismo de coagulação sanguínea, morrendo desta maneira, por hemorragias internas e eventualmente externas.

Provavelmente, mais de 90% das operações de controle de roedores em todo o mundo são realizadas através do emprego de pelo menos um raticida anticoagulante, devido à sua grande segurança de uso e a existência de um antídoto seguro: a vitamina K1 injetável (Kanakion ou Synkavit).

Esses rodenticidas anticoagulantes podem ser divididos em dois grupos: os derivados da cumarina (chamados de cumarínicos ou warfarínicos) e os derivados da indandiona. E, ainda podem ser classificados quanto ao número de doses: dose múltipla e dose única.

Os rodenticidas anticoagulantes de dose múltipla possuem um efeito cumulativo nos roedores, ou seja, necessitam serem ingeridos alguns dias seguidos (de dois a cinco) para que os sintomas do envenenamento apareçam. Existem vários compostos desse grupo, também chamados de “anticoagulantes de 1° geração”, que foram e são usados no Brasil, mas em escala reduzida como raticidas comerciais atualmente. Podendo, desta maneira, ser citados como exemplos os seguintes anticoagulantes: clorofaciona, cumacloro, cumatetralil, difaciona, difenacoum e warfarina (ou cumafeno).

Por último, há os rodenticidas anticoagulantes de dose única, também reconhecidos como “anticoagulantes de 2ª geração”, que provocam a morte do roedor entre 3 a 5 dias após a ingestão do rodenticida, embora possa ocorrer até 14 dias depois. São pertencentes ao grupo dos hidroxicumarínicos e podem ser exemplificados pelo: brodifacoum, bromadiolone, flocoumafen e a difetialona. Há outro composto, o difenacoum, o qual é colocado por alguns autores no grupo dos “anticoagulantes de 2ª geração”, porém há outros que preferem classificá-lo como anticoagulante de transição (situado entre a primeira e a segunda geração), pois embora seja eficaz contra roedores resistentes é igualmente de dose múltipla (efeito cumulativo).

Apesar desses rodenticidas anticoagulantes de dose única apresentar vantagens sobre os de dose múltipla como, por exemplo, a necessidade de apenas uma ingestão, a não necessidade de reposições das iscas e o baixo custo referente a mão de obra barata no tratamento, encontram-se diversas desvantagens. Entre elas, o fato dos ingredientes (princípios ativos) possuírem maior toxicidade quando comparadas aos anticoagulantes de primeira geração, sendo assim um fator limitante para o seu emprego em larga escala e contra-indicada em locais onde possa haver riscos de ingestões acidentais (escolas, creches, favelas, etc).

As formulações dos rodenticidas são extremamente variadas. É muito comum um mesmo rodenticida, até uma mesma marca comercial, ser apresentado no mercado com duas ou três formulações distintas.

Essa variedade de apresentações tem suas razões: tamanha é a capacidade perceptiva dos roedores e imensa a variedade de ambientes e de situações nos quais se instalam. Se existissem apenas um ou dois tipos de formulações, os resultados seriam mínimos e/ou inócuos.

Cada situação onde exista o problema de infestação de roedores é única e exige um estudo individualizado do problema, consistindo no emprego de um ou mais determinados tipos de formulações.

As formulações comerciais de rodenticidas existentes no mercado brasileiro são: - iscas: atraem os roedores pelo odor e aparência apetitiva (a cor não importa) induzindo-os, assim, a comer. Geralmente são feitas de grãos de cereais quebrados em diversos tamanhos, pois eles preferem as iscas granuladas em vez de iscas pulverizadas. Também são apresentadas a granel, ou com invólucros de plástico ou papel. Se a espécie a ser combatida for a R. rattus (rato de telhado) deve-se prender a isca junto às estruturas de sustentação dos telhados por onde esses roedores caminham, algum dispositivo de guiso de cocho (tábua) onde o rodenticida isca será colocado; encontrando o que comer, o rato de telhado não precisará descer ao chão para buscar alimento, ingerindo o rodenticida em seu lugar.

No combate a R. norvegicus a isca deve ser colocada, se possível, na sua toca para aumentar a chance de encontro da isca. Se não for possível, poderá ser disposta ao longo de suas trilhas, caminhos e passagens.

-Blocos sólidos: são iscas envoltas por um bloco de substância impermeabilizante indicada (parafina), presa com arames nos poços de visitação. É utilizado para locais úmidos e para esgotos, onde a oferta de alimento é pequena e, também, onde se encontram o R. norvegicus.

-Pó de contato: polvilhado na soleira das tocas, ao longo das trilhas, nas passagens e nos pontos mais freqüentados pelos roedores. O pó adere aos pêlos e patas dos roedores, que ao voltarem em suas tocas e executarem seu comportamento de limpeza corporal, acabam ingerindo-o e morrem. Por serem concentrados necessitam de um profissional para aplicá-lo.

Embora não haja no Brasil nenhum gás registrado como rodenticida, muitos profissionais utilizam o brometo de metila, o cianogás e a fosfina (fosfeto de metila) para esse fim. O risco de escape acidental desses gases letais é muito alto e seu uso requer uma grande experiência e conhecimento técnico. Além disto, os túneis da ratazana se interligam no subsolo tornando possível a saída do gás por pontos não previstos.

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