No Brasil, considerando-se a distribuição
atual da domicialiação triatomínea,
pode-se verificar sua associação aos
espaços abertos. Estes podem ser classificados
como naturais e artificiais. Os primeiros estão
essencialmente situados nos domínios paisagísticos
das caatingas, dos cerrados, totalmente incluídos
em território brasileiro, e das pradarias mistas
subtropicais pertencentes à paisagem que se
estende além desses limites. Os outros são
os originados da ação antrópica
resultando em expansão da paisagem aberta principalmente
em virtude da devastação da cobertura
florestal do domínio tropical atlântico.
Apesar da tentativa de aplicação do
modelo de refúgios paleoecológicos e
da existência de centros de endemismo às
quatro espécies de domiciliação
epidemiologicamente significante, Triatoma sordida,
Triatoma brasiliensis e Triatoma pseudomaculata
parecem ter seus centros de endemismo nos espaços
abertos dos cerrados e das caatingas, enquanto o Panstrongylus
megistus teria tido sua origem nas florestas
do ambiente tropical atlântico. Quanto ao Triatoma
infestans, sua área endêmica estaria
localizada em território boliviano, de onde
se dispersou e continua se dispersando pela ação
do homem.
A invasão domiciliar obedece a um mecanismo
oportunista propiciado por vários estímulos
de abrigo e alimentação. Uma vez instalada,
a domiciliação permite não apenas
a sobrevivência, mas também a dispersão
da espécie. Esses conceitos devem ser levados
em conta nas campanhas de controle, uma vez que a
probabilidade de sucesso aumenta com essa especialização
do triatomíneo. A continuidade da ação
antrópica (homem) sobre o ambiente, atualmente
intensificada na região do domínio equatorial
amazônico, resultará na expansão
dos espaços abertos. Assim sendo, à
custa de espécies locais ou de espécies
introduzidas, poderá ocorrer a domiciliação
triatomínea, como problema de saúde
pública, em região onde ainda não
foi assinalada.