O uso incorreto de um carrapaticida (subdose, preparo
inadequado ou aplicação mal feita) faz
com que o carrapato não morra após o
contato com o produto. Cada vez que carrapatos sobrevivem
à aplicação de carrapaticida,
podem transmitir à geração seguinte
informações genéticas de como
sobreviver aquele produto. É a chamada “resistência”.
A resistência instalada para um produto, com
grande chance, também será para outros
produtos do mesmo grupo. Por isso, não há
muitas opções, em caso de resistências
de carrapatos a carrapaticida. Como é praticamente
impossível eliminar todos os carrapatos, é
recomendável que se utilize sempre o mesmo
produto de carrapaticidas, ou produtos do mesmo grupo
ou família, por um período aproximado
de dois anos, no máximo, e da melhor maneira
possível.
O controle do carrapato não deve ser baseado
em uma única alternativa, ainda que o uso do
tratamento químico seja a opção
viável e comprovadamente eficaz. A dependência
dos químicos e a questão do impacto
ambiental, aliada aos custos e ao surgimento dos problemas
de resistência, encaminham à necessidade
de pesquisas e outras formas de controle. Neste aspecto,
a ecologia oferece informações básicas
para o uso de outros instrumentos na tentativa de
melhorar o controle dos carrapatos, como por exemplo,
indicando as épocas mais apropriadas para o
tratamento em determinada região. O uso de
raças mais resistentes, descanso e rotação
de pastagens e os recentes avanços nos métodos
imunológicos, são medidas que, no contexto
com a aplicação dos químicos
acaricidas, formam o que se denomina “controle
integrado de parasitas”.
A possibilidade do emprego do controle biológico
ainda parece ser de pouca importância prática
e os patógenos e predadores ainda não
foram utilizados com sucesso. Algumas espécies
de fungos como Metarhyzium sp. e Beauveria
sp., de bactérias como Cedecea lapagei,
que atacam instares ninfais de carrapatos, outras
espécies de leguminosas como Brachiaria
brizantha, Mellinis minutiflora, Stylosanthes
sp., com atividades acaricidas ou de repelência
e também algumas espécies de formigas
e pássaros, tem um importante papel na eficiência
de um programa de controle. Entretanto, o efeito isolado
destas alternativas ainda necessita de novas avaliações
para que possam ser manipuladas com eficiência
pelos produtores.
A presença de carrapatos induz a uma série
de reações imunológicas interferindo
no desenvolvimento, capacidade reprodutiva e/ou sobrevivência
dos diferentes estágios do ciclo parasitário.
O efeito da resistência aos carrapatos pode
determinar reações de hipersensibilidade
local das picadas e, como lambeduras, fricção
e coceira na tentativa de eliminá-los ou removê-los.
Este é um dos fatores que também pode
contribuir para diminuir o percentual de carrapatos
sobreviventes após afixação.