Por este motivo, é
importante analisar a produtividade através do cálculo
de emergência de fêmeas adultas, levando em
conta as pupas coletadas nos recipientes. Essa estimativa
pode definir de forma mais precisa as áreas de risco
e otimizar as ações contra o Aedes.
Iniciativas tradicionais
na prevenção e controle da dengue
foram herdadas das campanhas iniciais do governo federal.
Essas iniciativas se focam na eliminação dos
criadouros domésticos com o uso de larvicidas e inseticidas
em adição ao controle de criadouros.
É comumente
pensado que o controle da doença é responsabilidade
apenas do governo, das campanhas de controle da dengue,
o que desestimula as ações individuais e o
senso de responsabilidade social.
Redução
dos criadouros do mosquito utilizando-se larvicidas, crustáceos
predadores ou a eliminação de recipientes,
além do controle do mosquito através de inseticidas,
necessitam do apoio da sociedade civil.
Opções
para o controle dos vetores como cortinas nas janelas tratadas
com inseticidas e tampas para os recipientes de água
poderiam ser de grande contribuição para a
diminuição da transmissão da doença.
Entretanto há
uma relutância dos residentes de aceitarem o uso destes
métodos, além da falta de informação
de como utilizar estes métodos de prevenção
corretamente.
O melhor método
para controle ainda é a eliminação
dos criadouros. Estudos feitos na Ásia e nas Américas
indicam que após a aplicação de inseticidas
na forma de ultra baixo volume (ULV), a população
adulta de mosquitos retornou aos níveis pré-tratamento
após duas semanas, e mesmo após múltiplas
aplicações o impacto contínua sendo
mínimo sobre a população de mosquitos
adultos.
Afora estes problemas
técnicos, não há programas com recursos
humanos suficientes para lidar com todas as residências
nos centros urbanos. Os programas nacionais são sub-financiados,
não são bem administrados e supervisionados,
os profissionais não são bem pagos e estes
não possuem habilidades de comunicação,
essenciais para conscientizar a população.
Mesmo programas de
controle universalmente aceitos como bem-sucedidos não
foram efetivos no impedimento de novas epidemias da doença
e, portanto, há a necessidade de aperfeiçoamento
das medidas de controle vetorial disponíveis atualmente.
Os programas educativos
instruem rotineiramente o morador a tampar reservatórios,
baldes, pratos de vasos de planta e outros recipientes de
água de uso doméstico, além de instruí-lo
quanto a cuidados com instalações vulneráveis,
como as calhas de telhado. Em se tratando de recipiente
de uso doméstico, porém, a vedação
total do acesso do mosquito à água constitui
um comportamento mais proficiente no sentido de ser provavelmente
mais efetivo como ação preventiva do que apenas
tampar o recipiente, pois este comportamento do morador
pode deixar brechas para a passagem de fêmeas grávidas
de Aedes aegypti.
É importante
apontar que os criadouros são, em sua maioria, domésticos.
Um estudo feito aponta que em Cingapura, 79% dos criadouros
são domésticos e, no caso do Brasil, mais
de 90%. E importante ainda mencionar que naquele país
asiático, que na verdade é apenas uma cidade,
em uma ilha, as multas para residências ou endereços
com criadouros do vetor são as mais altas já
aplicadas (cerca de 1.500 USD).
Os sistemas clínicos
e públicos de saúde não conseguiram
diminuir a doença já que não há
vacina para prevení-la, nenhum tratamento efetivo
para barrar o desenvolvimento dos sintomas, além
de não existirem programas de combate ao mosquito
que garantam a proteção das comunidades afetadas.
Dengue
não é uma prioridade médica para estas
comunidades já que as prioridades sociais, econômicas
e ambientais são mais convincentes do que a dengue
que geralmente causa apenas febre facilmente tratada por
analgésicos e que raramente necessitam de atenção
médica.
Quando confrontados
com casos da doença, os médicos necessitam
de apoio de laboratórios para confirmar que a infecção
se deu pela dengue através de exames de sangue para
classificar a fase e a gravidade da doença. Além
dos diagnósticos inapropriados por médicos
pouco qualificados, há uma ausência de qualidade
dos diagnósticos sorológicos e do isolamento
viral em áreas endêmicas.
Em 1996, apenas 53
laboratórios em 14 países possuíam
capacidade para diagnósticos sorológicos usando
anticorpos IgM, apenas 20 possuíam instalações
para isolar o vírus e 11 utilizavam tecnologia molecular.
O controle de qualidade realizado de 1996 a 2001 demonstrou
que apenas 87% dos laboratórios possuíam desempenho
excelente em sua capacidade diagnóstica, sem problemas
com a provisão de antígenos, dependência
de distribuição de kits, diferentes sensibilidades
entre os testes sorológicos e uso limitado de técnicas
de diagnóstico mais específico.