Como resultado dessa mistura de componentes e manifestações
clínicas, a literatura classifica os acidentes
escorpiônicos como manifestações
locais e manifestações sistêmicas.
No primeiro caso, a dor é no local da picada
(comum em acidentes com escorpiões), e ocorre
imediatamente após o acidente, podendo ser
discreta ou até mesmo em forma de agulhadas
e queimação. Juntamente com a dor local,
ocorre também a parestesia (sensações
simultâneas de calor, frio, pressão e
formigamento), podendo irradiar-se para o todo o membro
atingido.
Já as manifestações sistêmicas
caracterizam-se por desordens em diversos sistemas
de nosso organismo. Entre elas, podem-se citar as
manifestações:
Gerais:
sudorese profusa e alteração da temperatura;
Digestivas:
náuseas, vômitos, hipersalivação
e, mais raramente, dor abdominal e diarréia;
Cardiovasculares:
arritmias cardíacas, hipertensão ou
hipotensão arterial, insuficiência cardíaca
congestiva e choque;
Respiratórias:
falta de ar, respiração acelerada e
edema pulmonar agudo;
Neurológicas:
agitação, dor de cabeça, sonolência,
confusão mental e tremores.
De uma forma geral, os acidentes podem ser classificados
em 3 categorias quanto a sua gravidade, de acordo
com suas manifestações. Os acidentes
podem receber a seguinte classificação:
Leves:
apresentam apenas dor no local da picada e, às
vezes, parestesia.
Moderados:
caracterizam-se por dor intensa no local da picada
e manifestações sistêmica do tipo
sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais,
respiração e freqüência cardíaca
aceleradas e hipertensão leve.
Graves:
além dos sinais e sintomas já mencionados,
apresentam uma ou mais manifestações
como sudorese profusa, vômitos, salivação
excessiva, alternância de agitação
com estado de depressão física e emocional,
freqüência cardíaca acelerada, edema
pulmonar, choque, convulsões e coma. Os óbitos
estão relacionados a complicações
como edema pulmonar agudo e choque.
A gravidade também leva em consideração
fatores como a espécie e tamanho do escorpião,
a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal
do acidentado, se individuo adulto ou criança,
geralmente os casos mais graves estão associados
as crianças, e a sensibilidade do paciente
ao veneno.
No Brasil, os acidentes por Tityus serrulatus
são mais graves que os produzidos por outras
espécies de Tityus. As manifestações
variam desde locais, podendo ser acompanhadas também
pelas sistêmicas.
No geral, o envenenamento escorpiônico determina
alterações locais e sistêmicas,
decorrentes da estimulação do sistema
nervoso. O quadro clínico inicia-se com dor
local imediata com intensidade variável, eritema
e sudorese ao redor da picada. Na maioria dos casos,
o quadro tem uma boa evolução, porém
crianças, principalmente abaixo de 6-7 anos,
podem apresentar manifestações mais
graves nas primeiras 2-3 horas. Por tal motivo, é
que se aconselha o rápido atendimento em unidades
de saúde para as devidas condutas médicas.