Para a utilização desse tipo de produto
químico é fortemente indicada a contratação
de serviço especializado ou, ao menos, da orientação
de um especialista, que irá indicar as quantidades,
doses e métodos de aplicação
corretos. É importante também a utilização
de equipamentos adequados tanto para aplicação
quanto para proteção.
Apesar da eficácia, o controle químico
só é indicado em casos mais graves,
onde a utilização de métodos
mais seguros, como o controle biológico, não
se mostrou eficaz. A aplicação indiscriminada
de inseticidas sintéticos podem causar diversos
danos, entre eles a seleção de populações
resistentes à essas substâncias.
É muito importante, para se evitar grandes
perdas e a completa destruição das folhas
da planta, que a praga seja descoberta e que as medidas
de combate sejam implementadas o quanto antes.
Controle biológico:
O controle biológico é uma forma eficiente
de se conter diversas pragas, entre elas, a lagarta
das palmeiras. No controle biológico, pode-se
utilizar desde técnicas de catação
manual até o uso de compostos extraídos
de plantas que não geram efeitos nocivos ao
meio ambiente. Também há a utilização
de inimigos naturais de insetos praga como maneira
de se conter o avanço dos prejuízos
econômicos ao homem. Vários animais são
inimigos naturais da lagarta das Palmeiras.
A coleta e destruição dos ninhos onde
as lagartas se abrigam durante o dia é o método
mais simples e eficaz de se controlar a praga, desde
que o tamanho da planta permita. Assim como para outras
pragas, o controle biológico é possível,
com uso de patógenos (que causam doenças)
para insetos como Bacillus thuringiensis
e parasitóides como pequenas vespas, principalmente
Bachimeria sp. e Sphilochalcis morleyi.
Esses parasitóides são também
insetos, como moscas e pequenas vespas, que atacam
as lagartas colocando seus ovos nelas. Desses ovos
nascem então larvas de moscas ou vespas que
consomem a lagarta da borboleta levando à morte.
Registros de vários inimigos naturais já
foram feitos, incluindo insetos como microvespas (Hymenoptera),
moscas (Diptera) e fungos, que parasitam a espécie
em várias fases de sua vida. No campus da Unicamp,
Habib e Andrade estudaram uma epizootia (doença
que ataca inúmeros animais da mesma espécie)
causada pelo fungo Beauveria bassiana nas
larvas dessa espécie e indicam a possibilidade
do uso desse patógeno no controle biológico.
Já se conhece bem uma mosca parasita da espécie
Xanthozona melanopyga, que pertence à
família Tachinidae, cuja larva se desenvolve
dentro da lagarta das palmeiras e emerge na forma
de mosca depois que a borboleta empupou. Assim, ao
fim da fase de pupa, ao invés de eclodir a
borboleta, sai do casulo a mosca Xanthozona.
Essas moscas interrompem o ciclo de vida de Brassolis,
sendo classificadas como parasitóide.
Também pode-se encontrar oviposições
com todos os ovos parasitados por microvespas da família
Trichogrammatidae (gênero Trichogramma).
Essas oviposições são aparentemente
normais a olho nu, mas observadas em lente de aumento,
percebe-se que cada ovinho possui um furo, de onde
emergiu a microvespa parasita. Assim, tanto as moscas
como as vespas agem como controle natural, sendo o
parasitismo nos ovos mais interessante, pois reduz
a população da praga antes que ela cause
o dano.
O uso de inseticidas químicos, até
mesmo no controle de outras pragas, pode prejudicar
as populações de inimigo naturais, impedindo
que façam seu papel no controle.
As pupas desses insetos-praga também podem
ser predados por formigas da espécie Paratrechina
fulva (Hymenoptera: Formicidae), conhecida popularmente
como formiga Cuiabana ou formiga louca. Operárias
dessa espécie foram observadas mordendo membranas
das pupas e tirando seu conteúdo. Essas formigas
não foram observadas atacando as lagartas e
nem mesmo caminhando sobre elas, provavelmente por
causa dos pêlos que
recobrem o corpo das lagartas.
A vespinha amarela, da espécie Spilochalcis
morleyi (Hymenoptera, Chalcididae), disputa com
a mosca Xanthozona melanopyga (Diptera, Tachinidae)
o ataque à essa proga, pois são ambas
parasitóides da lagarta das palmeiras. Enquanto
apenas um indivíduo da mosca Xanthozona
se desenvolve em cada pupa hospedeira, no caso da
vespinha amarela são várias que emergem
de cada pupa, e isso se chama parasitismo gregário.
Pesquisas na Unicamp também mostram que as
larvas de Brassolis sophorae são altamente
susceptíveis à bactéria Bacillus
thuringiensis var. kurstaki. No mercado
brasileiro existem produtos comerciais à base
dessa bactéria, que age apenas contra lagartas
de insetos, controlando muito bem as Lagartas das
Palmeiras. Sua utilização preserva toda
a fauna benéfica de vespas e moscas parasitas
mencionada anteriormente, e que complementam o controle
dessa praga.
As lagartas de Brassolis são completamente
inofensivas ao homem e podem até ser consideradas
úteis, sendo consumidas entre os índios
do Xingu. Os índios coletam as larvas grandes,
retiram seu intestino e salgam, para depois consumir
(Informação pessoal Dra. E. Setz / IB-Unicamp).
Além disso, por serem inofensivas, facilmente
encontradas e grandes, essas lagartas podem ser usadas
em projetos de educação ambiental, como
forma de estudar a metamorfose. As crianças
podem procurar os ninhos de lagartas, coletar e manter
em uma grande caixa de papelão, fornecendo
todo dia folhas de coqueiro como alimento. Vão
observar as lagartas crescendo e trocando de pele.
Podem também procurar pelas lagartas em áreas
com os coqueiros infestados no final de fevereiro
ou início de março. Nessa época
as lagartas, já bem crescidas, estão
descendo do coqueiro, andando por todo o lado e procurando
um lugar para formar as pupas. Nesse estágio
elas praticamente não dão trabalho,
já que não se alimentam mais. Elas podem
ser coletadas e colocadas individualmente em vidros
grandes, com a tampa cheia de furinhos para respiração,
aonde irão empupar. Assim, as crianças
podem observar todos os dias, e depois de cerca de
duas semanas, podem ver as borboletas emergindo. Elas
emergem com as asas ainda pequenas, ficam penduradas
na casquinha da pupa e então aumentam o tamanho
das asas bombeando ar pelas nervuras. Esse processo
costuma ser rápido, demorando menos de uma
hora e é uma cena muito bonita de se ver.
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