Para acompanhar a evolução da população
e definir a hora de efetuar o controle, é necessário
realizar amostragens de percevejos, e essas devem
ser feitas com um pano-de-batida. É o mesmo
pano usado para as lagartas, de preferência
branco, com 1 m de comprimento. Em campos de cultivo,
como no caso da soja, estende-se o pano entre duas
fileiras de soja, e bate-se de maneira a sacudir bem
as plantas, fazendo com que os percevejos caiam sobre
o pano para serem contados. Deve-se amostrar vários
pontos da lavoura, calculando uma média de
percevejos por batida de pano, e realizar as amostragens
com maior intensidade nas bordaduras da lavoura, por
onde o ataque geralmente inicia. Comparando o número
achado nas bordas com o do interior da lavoura pode-se
localizar os focos iniciais, o que propicia economia,
fazendo-se o controle somente nas margens da lavoura
quando o ataque ainda está restrito a estas.
As vistorias para avaliar percevejos devem ser feitas
durante o período de formação
e enchimento das vagens até o início
da maturação fisiológica. É
recomendado o período da manhã, até
10 h, quando os percevejos estão mais ativos
sobre as plantas.
Controle Biológico
São inimigos naturais do(s) organismo(s) alvo(s)
/pragas, introduzidos no mesmo ambiente como tentativa
de restaurar o equilíbrio no habitat. Estes
inimigos podem ser animais predadores, parasitas e/ou
patógenos que atacam a população
do organismo considerado praga.
Uma vantagem dos inimigos naturais é a sua
especificidade na escolha de um hospedeiro, embora
esta seleção nem sempre resulte na erradicação
as pragas. econômicas das pragas.
Controle Químico
É assim denominado devido ao uso de substâncias
químicas para diminuir a população
do organismo considerado praga. Podendo ser inseticidas
ou reguladores de crescimento. Os inseticidas podem
ser sintéticos ou naturais. Apesar de natural,
o inseticida pode ser altamente tóxico para
os mamíferos como, por exemplo, os alcalóides
e o nim (provenientes de plantas).
Apesar dos riscos dos inseticidas convencionais,
seu uso frequentemente é necessário.
Contudo, a escolha e a aplicação cuidadosa
do produto químico podem reduzir os danos ecológicos.
O uso apropriado e eficiente exige um conhecimento
completo da biologia da praga no campo e uma avaliação
das diferenças nos inseticidas disponíveis.
Recomenda-se oficialmente a adição de
sal de cozinha refinado à calda de pulverização.
A adição do sal possibilita a redução
pela metade da dose de certos inseticidas recomendados,
diminuindo assim o impacto ambiental. Recomenda-se
para equipamentos terrestres a concentração
de 0,5% (500g de sal em 100L de calda). No uso de
equipamentos aéreos, deve-se utilizar a concentração
de 0,75% (750g de sal em 100L de água). O sal
não é volátil, portanto, não
atrai os percevejos de áreas vizinhas, além
de afetar o comportamento desses insetos, aumentando
a atividade de “tateamento” do alimento,
causando um efeito arrestante (aumento do tempo de
permanência do inseto sobre o alimento). Isso
faz com que os percevejos permaneçam mais tempo
na área, contaminando-se com os inseticidas
mais facilmente.
O controle químico para uma cultura só
é indicado se após o controle biológico
a população de percevejo persistir e
estiver com dois insetos (adultos + ninfas) por metro
de fileira de plantas.
Há a necessidade de escolher o inseticida
recomendado para o controle químico dos percevejos
para a cultura específica. Além da eficiência,
é importante o critério da seletividade,
ou seja, o efeito do produto sobre os inimigos naturais
do percevejo. Portanto, na escolha do inseticida deve
se priorizar aqueles que afetam menos as vespinhas,
moscas e outros parasitóides e predadores que
ocorrem nas lavouras e são importantes no controle
das populações dos insetos pragas.
Cuidado
Os organoclorados possuem efeito residual, não
são biodegradáveis, e por isso o uso
contínuo na agricultura pode levar a casos
de intoxicação animal e humana (hemorragia
capilar cerebral, hepática e renal) e ao desequilíbrio
biológico. Por isso a Organização
Mundial da Saúde criou uma lei (Portaria Ministerial
n° 356, de 14/07/71) proibindo o uso agropecuário
dos inseticidas organoclorados (exemplo DDT). Ressaltando
a necessidade de se conhecer o produto adquirido ou
utilizado pela empresa prestadora do serviço
de desinsetização.
Os reguladores de crescimento de insetos interferem
no desenvolvimento ou no metabolismo do inseto, possuindo
alta especificidade contra estágios específicos
das pragas e com baixo nível de toxicidade
aos mamíferos.
O método de controle de espécimes fitófagos
e hematófagos devem ser analisados separadamente:
Hematófagos
Controle Químico
Triatoma infestans (barbeiro)
Os inseticidas organoclorados e piretróides
correspondem ao método barato e rápido.
Sua aplicação acarreta o decaimento
rápido da população intradomiciliar,
obtendo-se a negativação das casas em
pouco tempo e a interrupção da transmissão
vetorial.
Atualmente são utilizados outros inseticidas
testados pelo Programa de Controle da Doença
de Chagas: os piretróides, ésteres de
ácido crisantêmico, delmatrina, cipermetrina
e a lambdaciolotrina.
Controle químico através de hormônio:
juvenilizante, estimuladores de crescimento, inibidores
de quitina:
- O Hormônio juvenilizante é um método
ainda em fase de teste. Basicamente, ele mantem os
“barbeiros” sexualmente imaturos até
o quinto estádio ninfal. Porém, apresenta
algumas desvantagens por reduzir lentamente o número
de insetos, permitindo que os triatomíneos
continuem se alimentando, mesmo afetados pelo hormônio.
- Já os estimuladores de crescimento agem
nas ninfas de quarto estádio produzindo adultos
sem o amadurecimento sexual, impedindo desta forma
a reprodução desses insetos.
- Os inibidores de quitina interferem com a formação
dos triatomíneos, deixando-os susceptíveis
a ação dos predadores, pois há
a interferência na produção de
quitina, que é essencial para a formação
do exoesqueleto no processo de ecdise.
Cimex lectularius
(Percevejo de cama)
Os organoclorados mais utilizados foram DDT, BHC
(isômero gama), dieldrin e aldrin, mas após
a proibição do uso pelo OMS, os organofosforados,
como malation e diazinon passaram a ser empregados.
Atualmente, os percevejos de cama tem se mostrado
resistentes a esses inseticidas.
Controle Biológico
Barbeiro
Patógeno: Metarrhizium anisopliae
o fungo infecta o barbeiro.
Parasitas: os micro hemípteros (insetos dos
gêneros Telenomus e Ooencyrtus) e os
microácaros
Predadores: Formigas e aranhas.
O controle biológico não possui a finalidade
de eliminar os triatomíneos, mas sim de manter
o equilíbrio entre a sua população
e a de seus predadores. Porém, a eliminação
desses insetos é de grande interesse, visto
que o barbeiro é o vetor da doença de
Chagas. Assim, a utilização deste método
seria limitada e com pouca perspectiva de aplicação
prática, a não ser que associada a outro
método de maior eficácia.
Fitófagos
Independentemente do método de controle, é
importante salientar que os percevejos iniciam a infestação/ataque
a uma lavoura pelas áreas marginais, onde se
concentra a maior parte das populações.
Devido a esta característica, a maioria dos
métodos de controle deve ter início
nas áreas marginais das plantações.
Controle Biológico
O controle biológico dos percevejos fitófagos
é feito de acordo com a espécie do inseto
responsável pela infestação:
Organismo Pátogeno:
Leptopharsa gibbicarina: Pode ser controlado
biologicamente por pulverização do fungo
Sporothrix insectorum na lavoura;
L. heveae (percevejo-de-renda): O controle
biológico é feito através da
infecção do percevejo pelos fungos
Sporothrix insectorum e Hirsutella verticillioides;
Corythucha ciliata (percevejo-de-renda do
plátano): Os fungos Acremonium strictum,
Verticillium lecanii, Beauveria bassiana
e Paecilomyces farinosus podem exercer papel
de controle da população do inseto/praga.
Scaptocoris castanea e Atarsocoris brachiariae
(Percevejo castanho): O método mais comum e
viável é através do controle
biológico com o fungo M. anisopliae,
uma vez que o controle químico do percevejo
é muito difícil.
Organismo Parasita
E. heros (percevejo marrom): A vespa Trissolcus
basalis parasita os ovos desse percevejo, o Microhimenóptero
Hexacladia smithii é responsável
por parasitar os percevejos adultos;
N. viridual (percevejo verde ou fede-fede):
Os ovos podem ser parasitado pela vespa Telenomus
podisi, enquanto as ninfas e adultos são
parasitados pela mosca Trichopoda giacomellii.
Controle Químico
Os grupos químicos mais usuais e efetivos
no controle dos percevejos são os Organofosforados
(como por exemplo Acefato Fersol 750 SP), piretróides
(Fastac 100 EC), carbamato (Carbaryl Fersol 75 DP)
e fenilpirazol (Klap 200 SC).
A utilização dos inseticidas para a
espécie Dichelops melacanthus (percevejo
barriga-verde) pode ser feita através da pulverização
ou até via tratamento de sementes com inseticidas
sistêmicos.
Controle Alternativo
Uso de plantas armadilhas:
De uma maneira geral, os percevejos são atraídos
por leguminosas. No caso do percevejo verde pequeno,
P. guildinii, as anileiras, leguminosas nativas
do gênero Indigofera, atraem o inseto
que permanece sobre as plantas no período de
entressafras. Assim, podem-se eliminar os insetos
diminuindo a sua população antes que
eles dispersem pela lavoura. Duas espécies
mais comuns de anileiras são a Indigofera
truxillensis e a I. suffruticosa, arbustos
comuns em áreas abandonadas e em beira de estradas.
Uso de estacas armadilhas:
Outra medida de manejo dos percevejos é o
uso de estacas com estopas embebidas em uma mistura
de inseticidas com sal. Estas estacas, chamadas iscas
tóxicas, são colocadas a uma altura
acima do dossel (copa ou região das folhas)
das plantas, fazendo com que os percevejos se desloquem
para este local. O uso destas estacas é importante
no monitoramento da população de percevejos,
indicando a presença destes insetos em uma
lavoura. As estacas devem estar localizadas, de preferência,
nas margens das lavouras, onde normalmente tem início
a infestação.
Manejo da serra pilheria (palhada):
O percevejo marrom, E. heros, passa cerca
de sete meses do ano sob a palhada seca na superfície
do solo em diapausa (parada prolongada que ocorre
no desenvolvimento dos insetos), como por exemplo,
embaixo de folhas caídas de mangueiras, cafeeiros
e feijão guandu. Os adultos não-diapausantes
apresentam coloração marrom escura e
espinhos pronotais pontiagudos, enquanto os adultos
diapausantes são de cor marrom avermelhada
e com espinhos pronotais arredondados.
Recomenda-se examinar as palhadas e ao constatar
os percevejos, estes devem ser eliminados, enterrando
a palhada ou aplicando inseticida nos focos de infestação.
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