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Controle de Pragas Insetos Rasteiros, Voadores
 
   

Para que se possa discutir sobre insetos – tanto rasteiros quanto voadores – na condição de pragas, seria interessante se ter uma prévia sobre os mesmos: insetos são animais invertebrados, da classe insecta, e existem há aproximadamente 500 milhões de anos; enquadram-se nesse grupo animais como as vespas, abelhas, traças, moscas, besouros, formigas e muitos outros. Independentemente da espécie, todo e qualquer inseto possui o corpo dividido em três partes fundamentais. São elas: cabeça, tórax e abdome, sendo que possuem também três pares de pernas anexas ao tórax, podendo ou não haver presença de pares de asas (dois no máximo). Dada uma descrição básica sobre os indivíduos desse grupo, podemos então deixar claro o fato de que animais como escorpiões e aranhas, apesar de invertebrados, não são insetos.

Esclarecido o ponto sobre quem são os insetos, podemos agora abordar o tópico da classificação destes na categoria de “pragas”.

Muitos insetos são considerados prejudiciais, pois podem transmitir doenças (como é o caso do barbeiro, que transmite a Doença de Chagas, que afeta o coração e outros órgãos do corpo), danificar construções (no caso dos cupins) e, por vezes, atacar e destruir plantações inteiras, como fazem os gafanhotos, por exemplo.

Os insetos que causam problemas ao homem podem ser agrupados em três grandes grupos. São eles:

- pragas de importância agrícola ou florestal: são aquelas que podem vir a comprometer a produtividade esperada das plantas destinadas a alimentação e extração, grãos armazenados, essências florestais e afins. Pode ser citado como exemplos o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), a lagarta da espiga do milho (Helicoverpa zea), mosca-das-frutas (Anastrepha spp.) e o besourinho do trigo (Tribolium castaneum);

- pragas de importância veterinária: são aquelas que atacam os animais domésticos. São exemplos: a pulga do gato (Ctenocephalides felis felis), piolho da galinha (Manacanthus stramineus) e o berne (Dermatobia hominis);

- pragas de importância médica: são aquelas que atacam ou competem diretamente com o homem, podendo ou não causar doenças ao mesmo. São exemplos o mosquito da dengue (Aedes aegypti), bicho-do-pé (Tunga penetrans), barbeiro (inseto dos gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus, portador do protozoário transmissor da Doença de Chagas – Trypanossoma cruzi), piolhos da cabeça (Pediculus humanus capitis), barata americana ou de esgoto (Periplaneta ameircana), dentre muitos outros;

Com relação ao controle das infestações, inicialmente se faz uma avaliação de todo o estabelecimento, mapeando-o e estabelecendo níveis de gravidade da infestação nos aposentos, bem como a identificação da espécie infestante, sendo válido ressaltar que esta primeira etapa é aplicada no controle de qualquer tipo de praga, não sendo, portanto, restrita aos insetos.

É procedimento padrão do controle integrado de pragas que se realize um levantamento sobre o estabelecimento, questões como a construção, manutenção, higienização e, mais importante, um histórico sobre infestações anteriores. Através desse levantamento torna-se mais fácil desenvolver uma tática de ação preventiva e/ou corretiva, bem como os melhores equipamentos e produtos a serem utilizados nesse processo.

Não somente com relação a infestações causadas por insetos, mas em qualquer outro tipo de infestação de pragas, a melhor medida a ser tomada para o controle, num primeiro momento, é a limpeza e a higienização correta do local.

Dentre as diversas maneiras de manter insetos afastados de quaisquer estabelecimentos podemos citar:

- assegurar o bom fechamento das portas para o ambiente externo;

- no caso de haver vegetação na área externa às instalações, é recomendado que se mantenha uma distância adequada entre elas, para que uma boa higienização e a limpeza de ambas seja possível;

- latas de lixo devem estar devidamente fechadas e preferencialmente distantes de ambientes passíveis de infestações, como construções;

- garrafas e vasilhames reutilizáveis devem ser devidamente higienizados e secos antes de serem armazenados;

- instalações condutoras de aquecimento tais como chaminés, fornos e lareiras, quando não utilizadas, devem ser fechadas;

- as calhas dos telhados devem ser mantidas em bom estado de conservação, livres de resíduos ou acúmulo de água.

Para complementar essas medidas, existe o controle químico.

Quando se trata de infestações de insetos, o controle químico não é dos mais simples, uma vez que insetos apresentam mais de um estágio de crescimento e não necessariamente uma mesma técnica ou produto para o controle da praga afeta todos os seus estágios de vida. A preservação de grãos, por exemplo, requer a utilização de medidas que sejam capazes de alcançar todos os estágios de desenvolvimento do indivíduo. Podemos ilustrar essa situação com a presença de uma infestação em uma estocagem de grãos, considerando que os insetos (nesse caso, mais comumente coleópteros – besouros) se alimentam deles, podem vir a diminuir seu peso, reduzir seus nutrientes e seu poder germinativo, desvalorizar o preço, contaminar com larvas, partes corporais de insetos e excrementos, aumentar a temperatura da massa armazenada, etc.

No caso citado acima, a erradicação da praga seria mais eficientemente realizada com a utilização de gases fumigantes, que penetram na massa dos grãos, matando os insetos dentro e fora das sementes. É importante citar que a eficácia deste processo depende de fatores como a umidade, qualidade dos grãos, impureza, temperatura, etc. Embora o dano já causado pela presença da praga nos grãos não possa ser reparado, impede-se que seja agravado.

O método de controle químico de insetos mais conhecido e aplicado especialmente em plantações é a pulverização com inseticidas, o que acaba por gerar um problema grave, tendo-se em vista que a imensa maioria dos inseticidas prejudica não somente o desenvolvimento das pragas, mas também o desenvolvimento e qualidade das próprias plantas predadas, o que acaba levando a produtos desinfestados, porém contaminados.

Ainda levando em consideração os casos de produções em lavouras, fazendas e locais de plantações infestadas afins, podemos nos aprofundar na questão do manejo agroecológico.

A impressão que se tem é a de que as culturas são infestadas por uma praga de cada vez, quando na verdade o que ocorre é que existem diversos animais vivendo nas plantações – sendo que nem todos entram na classificação de pragas, porém isso será discutido mais adiante – e o primeiro passo fundamental para o controle é que se identifique qual é o organismo que causa maior dano à cultura. Conhecer a “praga- chave” da cultura auxiliará o agricultor a implantar devidamente seus inimigos naturais – a realização do controle biológico é uma prática fundamental, uma vez que estes costumam ocorrer naturalmente no ambiente, e sua multiplicação depende de práticas simples como o manejo do campo nativo ou da adubação orgânica, por exemplo - ou ainda criar condições desfavoráveis para a sobrevivência e multiplicação da praga naquele ambiente.

Porém, como todas as medidas não agressivas de controle de pragas, essas alternativas nem sempre são completamente eficazes, o que, mais uma vez, deixa como alternativa o tratamento químico da infestação, tomando os cuidados adequados com a plantação e todos os envolvidos, para que não hajam riscos de contaminação e, se houverem, que sejam os mínimos possíveis.

Levando agora em consideração somente os insetos rasteiros – tais como ácaros, baratas e traças – são diversos os tratamentos com produtos químicos aplicados para a contenção das infestações, e o controle se torna extremamente mais simples caso se trate de uma infestação em ambiente fechado. São alguns deles:

- tratamento de superfície: feito através da aplicação de uma calda inseticida de maneira uniforme sobre as superfícies e rodapés manualmente, de forma que os insetos que venham a transitar por esses locais acabem ficando impregnados com os cristais microscópicos de inseticida, levando-os para o local onde vivem, infectando todo o ambiente. Pode ser usado como exemplo o gel formicida, comumente utilizado em casas, que é aplicado preferencialmente na “trilha” formada pelas formigas;

- tratamento localizado: feito através da aplicação com pulverizadores manuais de calda inseticida diretamente no esconderijo dos insetos (frestas, reentrâncias, rachaduras, etc.). Visa especialmente à eliminação de baratas, cupins e besouros;

- tratamento do perímetro: feito através da aplicação de uma barreira química protetora ao redor do local infestado, visando principalmente evitar que ocorra uma nova infestação. É comumente aplicado contra baratas e formigas caseiras;

- fumigação ou expurgo: utilizam-se pastilhas de gás que são implantadas diretamente nas colônias de insetos. Comumente utilizado contra cupins de solo.

As práticas corretivas a serem aplicadas em insetos voadores são mais complexas, uma vez que esse tipo de inseto não necessariamente possui uma rota fixa, por assim dizer, o que torna mais difícil uma aplicação de inseticidas em superfícies, como foi exemplificado com o gel formicida. Uma das técnicas aplicadas no combate a insetos voadores em ambientes fechados é esta: satura-se o ambiente com microgotículas de calda inseticida, que ficam em suspensão e são levadas a todos os pontos do ambiente pelas próprias correntes de ar ali existentes, adentrando, inclusive, os esconderijos dos insetos. Essa técnica utiliza atomizadores elétricos, que produzem uma fina neblina, ou termonebulizadores, que produzem uma névoa densa.

Para finalizar, é importante comentar que esses tipos de insetos – alados (voadores) ou não - ditos “daninhos” não são a maioria, pelo contrário, a maior parte dos insetos é benéfica ao meio ambiente e ao homem.

As abelhas, borboletas e vespas, por exemplo, desempenham um papel fundamental na polinização das plantas (tratam-se de agente polinizadores).

Entende-se por polinização um método de reprodução das plantas no qual um agente externo, no caso um inseto, transporta o pólen de uma planta a outra, permitindo, assim, uma reprodução mais eficaz para as plantas e, ainda, garantindo a nutrição do inseto envolvido, através do néctar.

A diminuição do número dessas espécies polinizadoras constitui um problema ambiental grave, sendo necessário que esses animais sejam criados próximos a campos agrícolas para que desempenhem sua função corretamente.

Por milhares de anos o homem tem criado insetos para que pudesse utilizar os produtos que fabricam: criação de abelhas para que se aumente a produção de mel e cera; bichos-da-seda para que se obtenha seda, entre outros. Em alguns lugares do mundo, insetos são utilizados para a alimentação. Larvas de moscas são utilizadas medicinalmente no tratamento de feridas gangrenadas – com pouca circulação sanguínea - uma vez que se alimentam somente da carne em decomposição. É válido ressaltar que esta prática tem ganhado terreno nos hospitais nos últimos tempos.

Apesar de não ser de conhecimento geral, a maior utilidade dos insetos é, talvez, o fato de que a imensa maioria é insetívora, ou seja, alimentam-se de outros insetos, auxiliando, dessa forma, a manter o equilíbrio na natureza.

Informações sobre:

O termo "insetos rasteiros" é utilizado para designar diversas pragas que causam danos aos ambientes ocupados pelo homem. Os tipos de insetos que se enquadram nessa categoria são: baratas, pulgas, traças, ácaros, brocas de madeira seca, formigas, cupins entre outros. São consideradas pragas urbanas e que frequentemente causam danos aos patrimônios particulares e públicos.

O tratamento de perímetro é uma técnica utilizada no controle de pragas e que visa à aplicação de uma camada química protetora (aplicação de inseticida) ao redor da área alvo, demarcando um perímetro para que os insetos rasteiros não consigam adentrar. E antes de se suceder tal procedimento, as instalações devem ser inspecionadas e analisadas, buscando-se informações a respeito das possíveis pragas ocorrentes. A aplicação desse método impedirá a possível reinfestação por novos insetos rasteirosem questão, mas não necessariamente combaterá também outros insetos rasteiros. Isso dependerá dos produtos utilizados nesse controle químico.

Processo de barreira química

A Barreira Química tem como finalidade implementar resistência química aos alicerces de construções. É um tratamento químico do solo visando proteção, ou seja, impede a entrada de espécies originárias do solo para dentro deestruturas de prédios e moradias (tratamento estrutural), mas podem ser utilizados também no controle de pragas rurais.Os organoclorados eram uns dos produtos químicos mais utilizados, porém pelo seu alto teor residual e risco toxicológico, seu uso passou a ser proibido.

A barreira química consiste na utilização de inseticidas líquidos, geralmente piretróides, neocotinóides e fenilpirazol. São feitas perfurações ao redor das residências, baseando-se principalmente na associação do sistema de infiltração, que avalia a capacidade de drenagem e a pulverização. A proteção direciona-se não só ao solo, mas fundamentalmente à base da estrutura da construção. A barreira química só é pertinente quando existe certeza que o lençol freático ou outro curso de água não serácontaminado. O tratamento do solo por inseticida é utilizado por firmas comerciais especializadasno controle de cupins e tem por objetivo excluir esses insetos e proteger a construção.Apesar do processo não ser uma prática comum no Brasil,essa barreira química é uma técnica muito útil e preventiva na construção de prédios. Os cupinicidas utilizados nessa barreira são eficientes porque oferecem um efeito cascata na colônia, um cupim contaminado pode acabar com até 1000 outros da sua espécie. Isso porque o produto é rapidamente transferido de um para outro durante o processo de troca de conteúdo bucal, hábito comum desse inseto.

O tratamento do solo por inseticidas é uma das formas mais utilizadas no controle desses cupins, embora esse tipo de tratamento não elimine a colônia e apenas funcione como uma barreira química entre a área construída e os cupins. Essa barreira química também não evita que cupins alados (reprodutores), popularmente conhecidos como aleluias e siriris infestem prédios na época de revoada, nas chamadas infestações aéreas, construindo seus ninhos em caixotesperdidos, e espaços vazios, os quais normalmente estão preenchidos com restos de madeira da construção. Estes espaços constituem o ambiente ideal para ninhos desses cupins, pois apresentampouca luminosidade, muito alimento e certo grau de umidade. Os grupos químicos disponíveis para o controle de cupins podem ser repelentes, como os piretróides, ou não repelentes, como o fenil pirazol (fipronil). Porém, o despejo de grandes quantidades desses inseticidas em ambientes urbanos tem sido motivo de preocupação pública, pois seu uso frequente e em grande quantidade causa sérios problemas de contaminação ambiental.

Uma estratégia moderna e alternativa para o controle de cupins subterrâneos é o uso de iscas, que tem uma quantidade mínima de inseticidas.

Os métodos de aplicações de inseticidas variam de acordo com a finalidade do tratamento, do tipo de formulação e do local de aplicação, nesse caso uma parte da planta.Os métodos mais importantes sãoo polvilhamento, a pulverização e a fumigação.


Fig.1 – Quadro Geral dos Métodos de aplicação de inseticidas

A pulverização ou aspersão é um método no qual os inseticidas são aplicados diluídos em líquido, sendo a água o meio mais comum. Por exemplo, é utilizado no interior de residências e outras construções.

A fumigação é a operação em que são aplicados gases, e estes podem estar na forma gasosa, líquida (liquefeitos) ou sólida (gases solidificados).

O processo de polvilhamento, assunto deste item, é muito utilizado na agricultura. É um método no qual os inseticidas (com formulação em pós secos) são aplicados a seco nas plantas, tendo como veículos pós inertes, que são resíduos que devido às suas características, não sofrem alterações físico-químicas e, às vezes, pós não inertes.Para exemplificar, são utilizados como veículos: talco, caulim, bentonita, terra füller, carbonato de cálcio, enxofre etc. Quando se emprega enxofre, que é um veículo não inerte, sua função é combater os ácaros.

Esses produtos são aplicados de duas maneiras: através de polvilhadeiras, ou diretamente da embalagem, pois o produto neste caso tem uma formulação que permite ser distribuído diretamente na lavoura, sem necessidade de diluição. Estas duas maneiras devem ser realizadas ao abrigo de correntes de vento. O método de polvilhação nada mais é do que cobrir de pó, espalhando com polvilhadeira. O pó aplicado percorre quase toda a área interna do local tratado, eliminando as pragas existentes. No polvilhamento, os produtos utilizados são pós secos e pós molháveis. Os pós secos servem somente para polvilhamento. Os pós molháveis podem também ser utilizados no polvilhamento, mas são de maior custo e na maioria das vezes são utilizados na técnica de pulverização.

As vantagens do polvilhamento são que as máquinas são mais simples e obtém- se maior rendimento do serviço. Por exemplo, um operário polvilha 2,5 hectares de algodão por dia, e este mesmo operário utilizando-se da técnica de pulverização consegue aplicar em apenas 0,5 hectares, isto é, cinco vezes menos do que a técnica de polvilhamento. O maior rendimento obtido pelo polvilhamento é de máxima importância quando as culturas são extensas e as pragas têm que ser eliminadas o mais breve possível.Outras vantagens deste método é que não é necessária uma mão de obra especializada, já que esse método é fácil e o pó não é absorvido pela pele. Porém as suas desvantagens, como o maior gasto de inseticida,a baixa aderência à superfície da folha da planta e por sofrer grande influência dos ventos faz com que este método não seja escolhido à vontade, sendo um processo que dependerá muito das condições existentes, tais como, a extensão das culturas, máquinas disponíveis no mercado, o clima e o comportamento das pragas.

As polvilhadeiras são, em geral, aparelhos simples e duráveis, ao contrário dos pulverizadores, e a mão de obra necessária pode ser menos especializada. São máquinas providas de um depósito com agitador mecânico, uma moega de alimentação e um regulador de saída do pó que é impulsionado pela corrente de ar, produzida por diversos processos dependendo do tipo de máquina.

As polvilhadeiras podem ser divididas em manuais, mecânicas e de avião/helicóptero.

- nas manuais encontram-se tipos como os aparelhos de mãos, tipos simples destinados aos lares, hortas e jardins. Existem também os aparelhos costais e as polvilhadeiras a tiracoloque são usadas na grande maioria por pequenos agricultores;

- nas mecanizadas, a ventoinha que recebe o inseticida do depósito é acionada por motor que projeta a substância através do tubo de descarga, sob a forma de nuvem de pó;

- os aviões e o helicóptero são utilizados em grandes plantações, como os cafezais, e esse polvilhamento aéreo deve ser realizado perpendicularmente ao vento dominante, com sinaleiros no solo a fim de indicar ao piloto a direção do vento e do vôo.

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