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Monitoramento de Pragas
 
   

Praga é qualquer tipo de fungo, bactéria, vírus, planta, inseto, mamífero ou ave que cause uma injúria econômica ou à saúde da população humana, animal ou vegetal. Abaixo seguem alguns exemplos desses seres vivos:

- Gafanhotos que destroem quilômetros de plantações;

- Ervas daninhas que impedem a nutrição da vegetação;

- Ratos que transmitem diversos tipos de doenças, por exemplo, a leptospirose e a hanseníase;

- Pombos que transmitem viroses aos homens.

Então, o que fazer para enfrentar tamanhos desafios?

Na maioria das vezes, o controle de pragas, tanto de origem agrícola quanto de origem urbana, é realizado utilizando-se produtos químicos, dessa forma, assim que aparece algum tipo de praga, aplica-se um agente tóxico o qual a extermina e acaba com os danos causados por ela. Contudo, essa prática promove severos danos ao homem e ao meio ambiente devida à alta toxicidade dessas substâncias.

O grande problema do uso dessas sustâncias para o controle das pragas, como já dito, é sua toxicidade. Esses químicos são tóxicos para a praga, mas também a todos os seres vivos expostos a eles. Além disso, tais compostos são transportados até aos rios e lençóis freáticos através das chuvas, o que contamina a água a qual é usada para irrigar as plantas (classificadas como produtores na cadeia alimentar, pois produzem seu alimento através da fotossíntese). Estes vegetais servem de alimento para o próximo nível de nutrição de um indivíduo, o chamado nível trófico: os consumidores (os indivíduos que não podem realizar fotossíntese, ou seja, se alimentam de outros produtores ou consumidores),dessa maneira, eles adquirem os resíduos tóxicos dos produtos químicos que geralmente se acumulam ao longo da cadeia alimentar- a seqüência de seres vivos que dependem uns dos outros para se alimentar- onde os consumidores finais detêm as maiores concentrações dos resíduos. (Figura 1)

Diante disso, tem-se que os defensivos agrícolas causam vários malefícios à saúde dos indivíduos expostos. Os efeitos desses compostos em humanos manifestam-se desde náuseas, tonturas, dores de cabeça ou alergias até lesões nos rins e no fígado, cânceres, doença de Parkinson, etc. Os sintomas podem ser sentidos logo após o contato com o produto (os chamados efeitos agudos) ou após semanas/anos (são os efeitos crônicos).

Outro ponto negativo consiste no fato de que, tais defensivos promovem não só a redução das pragas, como também, a diminuição da quantidade de organismos benéficos ao solo (exemplo: as bactérias). Juntamente a isso, o uso indiscriminado e inapropriado desses produtos provoca o aumento das pragas resistentes a sua ação. Após uma aplicação mal-sucedida, as “pragas” que não são mortas pelo produto químico, depois da reprodução, elevam o número de indivíduos não susceptíveis ao defensivo agrícola aplicado inicialmente. Assim, é necessária a aplicação de um produto de maior concentração química ou de uma nova substância para erradicar a mesma praga.

Mediante essas consequências prejudiciais dos compostos em questão, uma nova técnica vem sendo cada vez mais utilizada, trata-se do controle biológico de pragas.

Essa prática consiste no emprego de um organismo o qual ataque àquele que está causando a injúria. O controle biológico, portanto, pode ser considerado como o uso de organismos vivos para manter a população de determinada praga em equilíbrio no ecossistema, desde que não ocasione danos econômicos.

Existem dois tipos de controle biológico: o natural e o aplicado. O primeiro é realizado a partir da utilização de inimigos naturais já existentes no meio ambiente e,o segundo consiste na introdução e manipulação dos inimigos naturais pelo homem em laboratórios.

No Brasil, embora o uso do controle biológico não seja devidamente empregado, há avanços significativos em alguns cultivos, principalmente devido a pesquisas realizadas pela Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Esse órgão já obteve sucesso no controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatallis) por meio de um vírus, o Baculovirus anticarsia. que proporcionou uma economia de cerca de cem milhões de dólares em agrotóxicos, sem considerar os benefícios ambientais resultantes da não aplicação de mais de onze milhões de litros desses produtos.

Assim, para a obtenção de resultados como o da lagarta da soja, um programa de controle biológico deve começar com o reconhecimento da praga-chave da cultura, o qual é o organismo causador de danos a uma determinada população. Uma vez identificados a espécie e o comportamento da praga em questão, deve-se determinar qual é o melhor inimigo natural viável, que seja produzido na quantidade necessária e com custos compensatórios para a realização do combate ao ser vivo o qual se deseja eliminar. (Tabela 1)

Agente Biológico
O que ele ataca
Como se aplica
Fungo Metarhizium anisopliae
Cigarrinha da
folha da cana-de-açúcar
O fungo é pulverizado e causa doença no inseto quando
entra em contato com este.
Fungo Metarhizium anisopliae
Fungo Beauveria bassiana
 
 
Broca dos citrus
Besouro
"moleque-da- bananeira"
 
 
O fungo é polvilhado nas lesões da planta, de modo
a contaminar a praga.
O fungo é aplicado em forma de pasta em
pedaços de bananeira que são colocados ao
redor das árvores servindo de isca.
 
Fungo Insectonrum sporothrix
Vírus Baculovírus anticarsia
 
 
Percevejo
"mosca-de- renda"
Lagarta da soja
 
 
O fungo é pulverizado e causa doença no inseto
ao entrar em contato com este.
Pulverizado sobre a planta, o vírus adoece a lagarta
que se alimenta das folhas.
 

Outra estratégia utilizada nesta fase é promover a diversificação de espécies e a estabilidade ecológica do sistema como um todo, com o objetivo de dificultar a reprodução do organismo considerado praga.

A partir dessas etapas, segue-se o Monitoramento das Pragas, que consiste no mapeamento periódico do local infestado. O intervalo de tempo do monitoramento depende quase que exclusivamente do dano provocado pela praga em questão, assim, consegue-se verificar o aumento ou redução dessa no ambiente.

Com isso, tem-se que a realização de um bom monitoramento necessita de um conhecimento prévio da distribuição das infestações, da espécie da praga,dos tipos de injúrias e/ou danos causados por ela e das espécies afetadas, como também, é preciso determinar a área afetada, a estimativa da mortalidade e da redução do crescimento em número dos indivíduos a serem eliminados, além de outras opções para o seu controle.

A obtenção desses dados visa, em última instância, à elaboração de mapas que mostram a localização geográfica das áreas atacadas e sua mensuração, normalmente em hectares. Essas informações serão implantadas no emprego, ou não, do controle direto da praga.

Embora o controle biológico promova uma redução ou abandono do uso de defensivos agrícolas, é notável que os resultados positivos ocorram em apenas alguns cultivos. Desse modo, há a necessidade de desenvolvimento de pesquisas sobre um controle integrado de pragas eficaz.

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